Passei os primeiro dez minutos, após o final de Asas do desejo absorta. Congelada, encarando a tela, tentando entender o que achei do longa. Estranho, sem dúvida, mas não detestável ou desinteressante. Damiel (Bruno Ganz) passou a eternidade observando nosso mundo, nosso cotidiano, ouvindo nossos pensamentos. Depois de tanto tempo o anjo decidiu que quer mais que sua existência eterna podia lhe dar. Queria, as atividades cotidianas, os problemas, as oscilações da nossa vidinha cotidiana e efêmera.
Enquanto isso nós aqui embaixo, pensamos muito, muito mesmo! Presos egoisticamente a nossos problemas terrenos. E se considerarmos que o filme se passa na Berlin ainda dividida, o panorama não melhora muito. Ouvir os pensamentos e preocupações cotidianas daquelas pessoas, sejam elas realmente complicadas ou não, é uma forma diferente e delicada de retratar uma época.
E apesar da vida ser como era, Damiel ainda prefere viver aqui. Sua escolha rende a melhor sequencia do filme. Uma inigualável cena de "descoberta do mundo", onde cores, e sensações simples como frio ou o gosto do café, são as melhores coisas da vida. Admirável e divertidíssimo acompanha-lo nessas novas sensações.
Asas do desejo, é estranho! É como uma daquelas poesias complicadas da aula de literatura. Você sabe que é importante, consegue perceber sobre o que se trata, mas continua com aquela sensação de que não compreendeu tudo. Agora troque a roupagem política pelo romance impossível, a linguagem rebuscada pela fórmula tradicional de romances dramáticos hollywoodianos, o que sobra?
Cidade dos anjos conta a história do romance impossível entre o anjo Seth (Nicolas Cage), e a cirurgiã Maggie (Meg Ryan). Em comum com Asas do desejo, a condição de existência dos anjos, que aqui além de nos observar e ouvir, também são encarregados por nos levar quando deixamos a vida. Além, é claro, de algumas referências que fazem valer apena assistir os filmes em sequencia. A mais evidente delas, o anjo caído que ensina a Seth como se tornar um de nós.
Infinitamente mais fácil de acompanhar e entender, afinal segue todas as formas tradicionais da narrativa estrategicamente pensadas para te emocionar. Funcionaria melhor não fosse a terrível cara de "paisagem angelical" de Cage. E o final triste forçado, que faz a maioria chorar aos baldes, mas nesta blogueira que vos escreve da apenas a sensação de "Ah! é sério isso?".
A relação ente Seth ser um "anjo da morte" e Maggie alguém que luta pela vida, é até interessante, mas pouco explorada. É abandonada assim que o romance entra em cena. Salva-se a boa trilha sonora que na época do lançamento vendeu muitos CDs.
1 comentários:
Gosto muito de ASAS DO DESEJO. O roteiro e a fotografia são poesia da melhor qualidade. Já o melô de Meg Ryan...
O Falcão Maltês
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