Pela primeira vez, assistindo a um musical, tive a mesma sensação que aqueles que odeiam o gênero costumam alegar ser seu maior problema. As músicas interrompem e atrapalham a narrativa!
Sally Bowles (Liza Minnelli), estadunidense, canta em um cabaré em Berlin e sonha ser uma atriz. Entretanto, apesar do título do filme, a casa noturna não é personagem, palco ou mesmo pano de fundo do filme. Em quase todas as cenas passadas na casa noturna, presenciamos um número musical que apenas repete a situação da cena que acabamos de ver.
Assim, quando Sally se anima com um relacionamento que pode dar certo, ela resolve apresentar no Cabaret "Maybe This Time", que revela suas esperanças por uma vida melhor. Ou quando ela e seu "amigo colorido", Brian Roberts (Michael York) entram em um relacionamento com o rico nobre alemão Maximillian von Heune (Helmut Griem), o mestre de cerimônias apresenta uma canção na qual se diverte com o fato de ter duas parceiras. Tudo explicadinho, nos míiiiinimos detalhes e com música.
Caso não esteja acostumado, ou seja um daqueles "haters" do gênero que mencionei no primeiro parágrafo, quando funciona, a música, em um filme musical, deve impulsionar a história. Ou revelar algo de forma diferente, gerando um impacto maior, ou ao menos diferente no espectador. Aqui ela só repete o que vimos na cena anterior.
Quanto à super-explicada história, Bowles segue sua vida com o único objetivo de dizer o que pensa e satisfazer seus próprios caprichos. Envolve-se com Brian, declara amor por ele (em uma canção!), mas não hesita em se envolver com Maximillian. Seu companheiro Brian, ex-pacato professor de inglês que se descobre bissexual, não fica para trás.
Existe ainda outro amigo de Sally e Brian, que se "apaixona" por uma moça rica. E quando esta o transforma em um "bom homem", ele se tortura por ter mentido, em plena ascensão nazista, sobre sua religião. Mas não se tortura nem um segundo sequer por ter se aproximado da moça apenas por interesses. História paralela, que gasta tempo e tira o foco dos protagonistas e exige um cenário histórico real sub-aproveitado. A única coisa boa que sai dali são os desconfortáveis e divertidos diálogos entre a mulher da vida e uma moça de família.
E por falar na protagonista, difícil simpatizar com a caprichosa moça. Se por causa da personalidade nada charmosa da personagem, ou pela atuação de Minnelli, não sei dizer. Sim, os números musicais da moça são bem produzidos (aliás, como todos), mas as músicas soaram meio "gritadas" aos meus ouvidos (mau hábito estadunidense). Performance aquém da reputação em minha humilde opinião.
Falta foco na história principal. Apesar de belas, as cenas no Cabaret soam dispensáveis, interrompem e arrastam a narrativa. Não é de todo ruim, mas para mim não funcionou.
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