Experimente fazer uma busca no Google sobre a vida da egípcia mais famosa que se tem notícia e qualquer um verá que Cleópatra (1963), de Joseph L. Mankiewicz, não é exatamente uma cinebiografia, mas um romance para lá de floreado, bem ao gosto de Hollywood, feito para a protagonista brilhar. E não foi à toa que Elizabeth Taylor ficou imortalizada no cinema por este papel: sua presença em cena é sempre marcante e sua beleza é espetacular. E o filme, o mais caro que já se produziu (e um tremendo prejuízo nas bilheterias, na época), é grandioso e ambicioso como não poderia deixar de ser.
Mas não dá para não ficar um tantinho decepcionada com a falta de verossimilhança na trama. Ok, os romances com Júlio Cesar e Marco Antônio são os pilares do roteiro, e as questões políticas servem apenas como pano de fundo, como de costume. Ninguém aqui está pedindo um documentário ou uma versão de quatro horas do Telecurso Segundo Grau, até porque cinema não é isso. Mas custava ser um pouco mais fiel à trajetória e à personalidade da rainha? Isso faz parte da construção da personagem.
Sim, ela era um ser humano e se apaixonou, mas também era inteligente, ardilosa, ambiciosa, amava o poder e fazia o que estava a seu alcance para consegui-lo. No filme, alguns atos estratégicos de Cleópatra, como exigir certos territórios do Império Romano, soam como capricho de uma jovem contrariada, ao descobrir que o amado havia se casado com outra. Então ela entrou para a História por causa de uma crise de ciúmes, entre outros chiliques? Acho que não. Sem contar que foram omitidos fatos importantes de sua vida, como ter se casado (conforme os costumes da época) com o irmão para governar e ter tido filhos com Marco Antônio.
Feitas estas considerações, o longa oferece tudo que um romance épico de sua proporção promete: interpretações corretas, boa direção de arte, figurinos lindos de morrer. Se lembrarmos que se trata de uma ficção, é bom entretenimento, e algumas sequências são ótimas, como a triunfal chegada da rainha a Roma. Detalhe: sem ser convidada. Sim, o filme é longo, mas vale a pena ver, nem que seja para babar pela diva e sentir o gostinho de viver, mesmo que seja de mentirinha, no Egito antigo. Um luxo!
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