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A melhor coisa que eu fiz foi ter ouvido meus instintos. Enrolei o quanto pude para assistir a
O iluminado (
The shining, 1980) e mesmo ouvindo de pessoas diferentes que o filme "nem assusta tanto assim", decidi esperar por uma bela manhã de sol forte e céu azul. Nunca (eu disse nunca) veria esse filme após as 18h. E fiz certo.
O iluminado realmente não é um filme de sustos gratuitos, mas o terror psicológico é evidente e causa calafrios mesmo à luz do dia. Principalmente em pessoas, digamos, mais sensíveis (pra não dizer medrosas). Comecemos com o que eu sabia do filme: Jack Nicholson (bárbaro), história baseada em conto de Stephen King, filme de suspense aclamado e considerado clássico, dirigido por Stanley Kubrick, cena do machado na porta. E tudo isso já era o suficiente pra eu saber que não ia ser muito fácil dormir depois de assistir ao filme.
Pois bem, me enchi de coragem e vi. O filme é bom e é assustador sim, mesmo que você sempre saiba o que vai acontecer em seguida. A trilha sonora faz boa parte deste trabalho, aliás, sempre tensa e sempre aumentando a tensão quando o momento exige. Acho que o filme não seria o mesmo se não tivesse essa trilha. O fofo Danny (Danny Lloyd) já de cara demonstra não ser uma criança comum (ou só eu achei assustadora a voz que ele fazia quando "Tony" falava?!). Descobri que o iluminado do título se refere às pessoas que tem o dom da telepatia - e não ao personagem de Jack Nicholson, como eu julgara. E fui descobrindo mais à medida que os personagens vão descobrindo o hotel, lindíssimo por sinal.
Então veio a surpresa Shelley Duvall. Não imaginava que ela fosse durar a metade do filme, dada a fragilidade inicial de sua personagem. Sua interpretação dá o tom certo de desespero (convenhamos, não é fácil descobrir que seu marido está querendo matar a você e a seu filho) e suas caretas de pânico, apesar de exageradas, são perfeitas para a sequência final do filme. Conforme o tempo passa, ela se torna a única a ainda manter uma certa dose de humanidade, de ingenuidade e, de certa forma, imunidade a todo o mal que está no prédio. Interessante.
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Aliás, o prédio em si já é um personagem. A ambientação do hotel vazio, o inverno rigorosíssimo, o isolamento, o jardim-labirinto... Dá agonia só de pensar em passar uma temporada lá. Imagina se eu ia fazer como o pequeno Danny, dando uns
"rolês" pelos corredores desertos no triciclo?! A cada curva que ele fazia eu me segurava, rezando pra ele não encontrar nada. Nem todos os nosso pedidos podem ser realizados, né?
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As garotinhas por si só já são assustadoras, precisavam daquele
"Vem brincar com a gente!"? Talvez essa seja a frase que eu mais odeio em filmes de terror. E quando os espíritos começam a se manifestar? A mulher na banheira (eca! que nojo aquilo!), o barman que aparece do nada no bar pra servir um uísque para Jack, depois o baile no Salão Dourado, o garçom que é o zelador-assassino... Mas os piores são os que aparecem por último, para Wendy: que droga de máscara é aquela?! Morri de medo.
Receita para que um filme seja clássico, chocante, impactante: não precisa de excesso de efeitos especiais para que um filme seja bom. Uma boa história, um bom elenco, um ótimo diretor, maquiagem eficiente e uma trilha sonora perfeita para criar o clima. Lição do dia? Nunca passe uma temporada de inverno num isolado nas montanhas.
2 comentários:
oi, estou criando um blog em que faço reflexões sobre cenas de filmes, e gostaria de permissão pra copiar e colar em meu blog a imagem que aparece o homem de terno e o vestido de urso do filme O Iluminado. Prometo postar o link da imagem e posso anexar seu blog ao meu. Me responde: jamalpato@bol.com.br
Obrigado.
Olá, obrigada pela visita. Na verdade a foto a que você se refere foi encontrada na internet, não é nossa. Pode usá-la sem maiores problemas ou procurar outra similar.
Abraços, até a próxima.
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