Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban marca uma importante transição na franquia. Assim como o terceiro livro, o filme começa a ganhar contornos mais adultos. Isso fica evidente na estrutura da narrativa, fiel à de J.K. Rowling, logo na abertura, quando Harry rompe o vínculo com os Dursley e sai sem rumo. Sim, nosso garoto está crescendo. Mas não é só isso: ele também está se tornando um bruxo mais consciente de seus poderes e percebe que agora Hogwarts é o seu verdadeiro lar. Além disso, o visual da produção é totalmente diferente dos anteriores: com cores mais pálidas, o que dá um ar opressivo ao longa, não por acaso. Alfonso Cuarón, que substitui Chris Columbus na direção, percebeu que o ar alegre e encantador dos primeiros filmes poderia deslumbrar os mais desavisados, mas não era condizente com a trama. A hora de mudar era agora.
A princípio, Harry não dá muita importância à fuga de Sirius Black (Gary Oldman). Mas não demora muito para o jovem descobrir que ele e o perigoso assassino, o primeiro a conseguir escapar de Azkaban, têm uma ligação: seria ele o traidor que colocou Lilian (Geraldine Somerville) e Tiago Potter (Adrian Rawlings) em perigo. Preso desde então, ele teria motivo suficiente para querer a morte do menino que lhe roubou doze anos de liberdade. Como se não bastasse, Harry ainda tem que lidar com os dementadores, que costumam vigiar a prisão, agora à solta, atrás do fugitivo. Os seres capazes de retirar qualquer felicidade de quem estiver no seu caminho conseguem trazer à tona suas lembranças mais sombrias e se tornam seu maior medo. Não tiro sua razão.
A sorte de Harry é que a disciplina Defesa contra a Arte das Trevas, a cadeira mais instável de Hogwarts, tem, pela primeira vez, um professor sério: Remo Lupin (David Thewlis), que ensina ao aluno a evitar os dementadores. Sem contar que ter aulas com um lobisomem deve ser o máximo! Mas quem me enche de orgulho mesmo é Hagrid, agora lecionando Trato das Criaturas Mágicas. Claro que ele não poderia começar com lições básicas e logo apresenta à turma o nem tão inofensivo assim hipogrifo Bicuço. É linda a sequência do voo da ave com Harry (e é difícil não notar que os efeitos especiais já são consideravelmente melhores que os do primeiro filme).
Já que estamos falando do corpo docente, a professora Trelawney foi quem me decepcionou. No livro, a personagem é hilária, ao mesmo tempo em que provoca dúvidas se possui realmente algum dom ou se é tudo fingimento. Mas, no filme, em parte graças à caracterização ridícula e da interpretação afetadíssima de Emma Thompson, em parte devido ao roteiro, ela não passa de um artifício cômico dos mais simplórios. Ah, sim, ela também faz umas "profecias" sobre Harry. Do jeito como apareceram, sinceramente, não fizeram a menor diferença.
Na trama principal, umas reviravoltas interessantes: em poucos minutos (segundos, talvez), Harry descobre que Sirius não só não o quer morto como tem tentado encontrar o verdadeiro culpado pela morte de seus pais: Perebas! Quer dizer... Rabicho! Quer dizer... Peter Pettigrew! Vendo que Black e Lupin falam a verdade, Harry consegue se aproximar do seu padrinho. No filme tudo se passa muito rápido, e não dá para perceber o quanto isso é importante para Harry, que cresceu órfão e vê nele algo que se parece muito com uma figura paterna. Era para ser mais emocionante. Para quem leu o livro, esses acontecimentos soam razoáveis, mas para os não-iniciados esses acontecimentos todos podem parecer atropelados e talvez até improváveis, já que todas as evidências (e os diálogos, inclusive) apontavam o fugitivo como um inimigo. Acho que uns momentos a mais para digerir toda essa história seriam bem-vindos.
No final, o melhor de tudo é mesmo o vira-tempo de Hermione, que serve para mudar o desfecho da história por completo. Sério que ela ia usar o objeto só para assistir a mais aulas? Que decepção, Hermione!
1 comentários:
Como eu gosta da Saga Harry Potter *-* a melhor!
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