Embora apresente alguns personagens divertidos, como Lockhart, queridos, como Dobby, e importantes como Tom Riddle, Harry Potter e a Câmara Secreta não é dos meus favoritos. A trama tem tudo para ser instigante e é superbem amarradinha, não deixa escapar nenhum detalhe. Vide a sutil cena do caldeirão na Floreios e Borrões, que, no final, encaixa-se perfeitamente na explicação para o diário ter parado em mãos inocentes. É feliz também por sua cena inicial remeter ao final do primeiro filme, quando Harry folheia o álbum que ganhou de presente de Hagrid. E, ali, além das fotos de Tiago e Lilian, aparecem também as de Rony e Hermione, sua nova família. Não deixa de ser poético, assim como o final, que me levou às lágrimas, assim como os professores de Hogwarts. Hagrid sempre me emociona, apesar daquele estranho recurso usado para fazê-lo parecer gigante. Não funciona.
O problema talvez seja a falta de ritmo da narrativa mesmo. A Murta que Geme é chata. A trama principal, da tal Câmara Secreta, tão ameaçadora que pode até fechar a escola caso os ataques não sejam interrompidos, demora demais a engatar. São tantos os elementos que vão surgindo pelo caminho - carro voador, salgueiro lutador, balaços enfeitiçados, berrador, diabretes da Cornualha, vômito de lesmas - que o foco se perde. J.K. Rowling às vezes é um tanto prolixa, a gente sabe, mas no livro dá tempo de contextualizar cada coisa em seu lugar, no tempo necessário. No filme, a transição é bem rápida, e talvez um roteiro mais enxuto funcionasse melhor. É delicioso ver as mandrágoras, por exemplo, mas precisava mesmo Harry se encantar pelos objetos mágicos da Toca? A gente já conhece o universo bruxo. Nós, espectadores, não somos mais trouxas.
Agora, reparem numa coisa: a maioria desses elementos é cômica. Esse longa, assim como o segundo volume, tem um humor que o primeiro não tinha. Isso é bom. O professor Gilderoy Lockhart (Kenneth Branagh, inspirado), uma das maiores fraudes que Hogwarts já viu, garante boas risadas com sua vaidade ao extremo. Marketing é tudo, não é? Só que a maior revelação deste filme é mesmo Rupert Grint. Se em A pedra filosofal ele era apenas pequenininho e fofo, agora ele é hilário! Já na fase de mudança de voz, ele nos faz gargalhar ao dar umas desafinadas propositais e fazer caras e bocas nas mais variadas situações.
Também adorei Lucius Malfoy (Jason Isaacs, afetado um tom acima) e sua enorme cabeleira platinada, mas Tom Malevolo Riddle (o insosso Christian Coulson) é quem merece todo o destaque. Quer dizer, seu diário. É fantástica a sequência em que Harry presencia o encontro do aluno da Sonserina com Dumbledore. E os dois travam exatamente o mesmo diálogo que havia se passado na sala do diretor um pouco antes. "Tem alguma coisa que você queira me dizer?". Mesma pergunta, mesma resposta, mesma reação... Obviamente, os caminhos de ambos correm em paralelo, muitos anos depois. Isso, sem falar na ofidioglosia, que é explicada no trecho final. Esses detalhes impressionam mais do que o embate em si entre Potter e o monstro. Ou seja: o melhor ainda está por vir.
3 comentários:
Ótimas observações! Queria ter escrito uma resenha assim, enxuta e completa. Fica para a próxima.
P.s.: Sim! Harry precisava se encantar com as coisas da toca. É um dos melhores cenários da franquia, hehehe
Fabi, também amo A Toca! Só achei que ficou meio bobo ele ficar deslumbrado com uma panela se lavando sozinha depois de tudo que ele viveu no ano anterior... :)
Panela q se lava sozinha! Posso virar diretora de Hogwarts e isso ainda vai me deslumbrar kkkkkkk
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