Ué, acabou? Esta foi a primeira coisa ao passar pela minha mente ao terminar de assistir a Drácula. O filme tem um final absurdamente simples, especialmente após tanto tempo apenas construindo o suspense.
Conde Drácula (Bela Lugosi)
É verdade, para nós é difícil se assustar com a atuação exagerada herdada do cinema mudo, o som era uma novidade com a qual o cinema ainda estava aprendendo a lidar. Mas é possível notar a construção do suspense em prol do medo. Pouco vemos do vampiro em ação. Seus ataques são anunciados, mas não completamente exibidos deixando a cargo da nossa imaginação (por mais fértil, ou perversa que seja) a mordida.
Todos os elementos mitológicos estão presentes, da falta de reflexo, a transmutação em morcego e lobo. Esta última para mim, novidade (engole essa Meyer, dois em um!). E, claro, toda a classe e elegância que a figura de Bela Lugosi, sempre com figurino impecável, ainda impõe. Não é à toa que seu Drácula é o que está presente no imaginário coletivo.
Posso ser louco, mas estou certo! |
Entre o elenco, chama atenção a atuação de Dwight Frye, o tido como louco Renfield. Ainda com a atuação no estilo filme mudo, que inclui posturas estranhas e olhos forçadamente esbugalhados, passa todo o desespero e loucura de quem fala a assustadora verdade. E tem consciência de que, apesar de real e perigosa, é absurda demais para que os outros levem a sério.
Para quem só conhece o Van Helsing de Hugh "Wolverine" Jackman, a versão de Edward Van Sloan pode parecer meio estranha. Um velhinho curioso, que, nas palavras do próprio conde, "sabe muito para quem não viveu sequer uma vida inteira".
Não posso afirmar que o longa não envelheceu ou que tenha me causado medo em algum instante. Mas as oito décadas, e centenas de cópias ao longo delas, não tiraram em nada o brilho da obra. Afinal, ainda nos preocupamos tanto com seus personagens como em 1931, a ponto de querer um final mais elaborado. Além, é claro, de poder admirar a classe que um vampiro pode e deve ter.
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