Antes de mais nada, digo (e reafirmo) que este é meu filme preferido da saga. Ok, o primeiro é um começo empolgante e o terceiro filme é lindo, emocionante. Mas é nesse que o bicho pega! E sim, este é um filme de guerra. Ou vocês acham que planejar aquela batalha no Abismo de Helm é coisa para iniciantes? E, claro, aqui finalmente conhecemos Gollum e a impressionante atuação de Andy Serkis como o ex-hobbit consumido pelo poder do Um Anel. Eu poderia ficar um post inteiro só elogiando ator e personagem, mas o filme não é somente isso. Tem ação, humor, revolução, romance, vitórias, derrotas, e tem... Gandalf (Ian McKellen) de volta. Muita coisa acontece, novos personagens importantíssimos aparecem, as cenas de guerra são incríveis e o gostinho de "quero mais" é absoluto ao final do filme.
As mudanças dessa versão estendida são mais significativas que as do primeiro filme. Explico. No primeiro, as inserções sobre Bilbo (Ian Holm) e Lothlórien são explicativas. Nesse filme, elas são mais impactantes. Primeiro, é preciso saber que as duas torres a que se referem o título são a de Orthanc, lar de Saruman (Christopher Lee, impecável) e Barad-hur, a torre onde está o Olho de Sauron. As duas são importantes porque delas saem todo o poder bélico que poderá destruir para sempre os povos da Terra Média. Sauron planeja uma invasão a Gondor, reino mais poderoso dos homens, e Saruman pretende destruir Rohan, para que esta não vá em auxílio. Mas Saruman já pretendia domínio sobre estas terras há um tempo - seu servidor, Gríma Língua de Cobra (Brad Dourif, nojento - e isto foi um honesto elogio à atuação dele) já estava envenando a mente de Théoden (Bernard Hill, impressionante). Seus feitiços haviam drenado quase toda a vitalidade do rei, o que o dava plenos poderes no país. Assim, com a morte do herdeiro do trono em combate, Gríma expulsa o último homem leal ao rei: Éomer (Karl Urban, que vestiu a personagem com muita garra e orgulho - e dá pra gente perceber isso ao vê-lo em cena), sobrinho de Théoden, e todos os que são leais a ele. Assim, Éowyn (Miranda Otto, correta) fica sozinha no palácio para cuidar do rei doente e fugindo do assédio de Gríma. Os minutos adicionais sobre Rohan explicam exatamente o quanto isso vai influenciar a história, além de implicar numa série de acontecimentos arrebatadores. O destino de muitos personagens são traçados aqui.
Outra parte interessante e fundamental também é o detalhamento do que houve em Fangorn, a temida floresta viva próxima a Orthanc. Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd) ganham mais destaque e importância como os tinham no livro. Aqui podemos ver a relação amigável entre os hobbits e o ent Barbárvore (voz de John Rhys-Davies, que também faz o anão Gimli), uma espécie de pastor de árvores. Legal ver que ainda há leveza e humor nesses hobbits, que ainda não haviam enfrentado a guerra - apesar de já terem conhecido a dor da perda. Eles só tem real noção do perigo que seus amigos enfrentam quando veem a língua negra de orcs deixando Isengard, a terra de Saruman, e eles estão ali a salvo, porém sem ajudar. Mas nem com todo seu entusiasmo eles conseguem fazer com que Barbárvore escolha um lado para lutar. Somente quando ele vê, com seus próprios olhos, a destruição causada por Saruman para alimentar as fornalhas da guerra, ele resolve entrar em combate. E nós somos presenteados com uma das mais lindas cenas de computação gráfica: um exército inteiro de ents, cada um diferente do outro, saindo de dentro de uma floresta e indo pra guerra, para se vingar. E aí a gente se lembra que não somos nada frente à fúria da natureza.
E a parte mais importante (e para mim, em especial, a mais emocionante) foi ver a história de um dos meus personagens favoritos melhor explicada. Faramir (David Wenham, perfeito) é o irmão mais novo de Boromir (Sean Bean) e absolutamente renegado pelo pai, regente de Gondor. Apesar de valente e bom guerreiro, sempre ficou à sombra do irmão. Quando seu caminho se cruza com o de Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e Gollum, ele descobre ter ao alcance das mãos o Um Anel - a chance de provar para o pai, de uma vez por todas, o seu valor. Uma das mais belas histórias pessoais dos personagens do livro, nessa versão estendida teve a oportunidade (leia-se tempo) para ser passada ao público - vale lembrar que o filme também foi feito para os não-iniciados na obra de Tolkien.
De resto, o filme continua praticamente o mesmo. As cenas bárbaras da batalha no Abismo de Helm não sofreram alterações (a não ser mostrar o fim trágico dos orcs, que fugiram em retirada para morrerem nas mãos das árvores revoltadas de Fangorn). Peter Jackson é um apaixonado pela obra, e sabe como demonstrar essa paixão em cada take. As sementes para novas revoluções, tão grandes e impactantes, foram plantadas. As amizades estão cada vez mais fortes dentro da Sociedade, novos aliados foram conquistados, novas batalhas estão por vir, guerreiros adormecidos foram despertados (onde menos se espera) e, apesar de a vitória parecer impossível, ainda há esperança. A história do Um Anel está cada vez mais emocionante - e cada vez mais próxima do fim.
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