Por que esse filme é considerado terror? Não a ameaça assustadoramente iminente, que nos põe em estado de alerta e temor por um ou mais personagens. Muito pelo contrário, torcemos para que a ameaça torne-se real, uma vez que é um filme de vingança e o assassino também é o mocinho.
Na noite anterior ao halloween, Eric Draven (Brandon Lee) e sua noiva Shelly (Sofia Shinas) são brutalmente assassinados, por um grupo de bandidos incendiários encarregado de tornar a véspera do feriado na "Noite do Demônio". Exatamente um ano mais tarde Eric retorna, trazido por um corvo para fazer "justiça". Ele caça cada um dos agressores, durante sua principal noite de trabalho. Até chegar ao chefão que comanda a matança da "Noite do Demônio". Tudo isso intercalado por encontros com antigos conhecidos e dramáticos solos de guitarra no telhado.
O "Eric vingador", é indestrutível e pode transferir memórias para si e para outros ao tocá-los. E não está sozinho, ele tem a ajuda do sargento Albrecht (Ernie Hudson). E a amizade da pequena Sarah (Rochelle Davis).
Sempre nas sombras, parece que é sempre noite e faltam lâmpadas na região, o filme usa e abusa da escuridão. Criando um mundo sombrio onde o medo é constante, e que nunca conseguimos compreender claramente. E claro, no escuro e na chuva as cenas de ação ficam mais perigosas, urgentes e até estilosas.
Entretanto o filme deixa o expectador cheio de "porquês". Os primeiros apenas demoram demais para apresentar as respostas. Outros ficam mal explicados, e alguns nunca são esclarecidos.
Por quê eles foram mortos? A resposta insuficiente demora a chegar. Qual o objetivo real dos incêndios? Por que o chefão e sua "irmãzinha" colecionam olhos? Por que a polícia parece acobertar os crimes, ao ponto de rebaixar um detetive à ronda? Porque Eric começa indestrutível e de repente perde, apenas, alguns deles? Porque o corvo escolheu ele ao invés das dezenas de outras vítimas que a gangue faz anualmente?
Nada disso importa. O que importa é a saga de vingança desenfreada. Mas, embora haja torcida por Eric, falta conhecer um pouco mais quem ele era para simpatizar completamente pela causa. Mortos desde o início do filme, toda as informações que temos sobre o casal, são aquelas mencionadas por Sarah e o sargento, ou apresentadas em flasbacks relâmpago e com enquadramento incomum.
A vontade de saber mais da história pregressa, e do sobrenatural por trás de seu macabro retorno ficam. Há aqueles que vão argumentar que as explicações estão nos quadrinhos (ou não). Mas, não se sustentar sem a obra literária seria apenas uma outra falha do filme.
Então por que continua o interesse pela história de Eric? Pelo carisma de Lee. Só não sei dizer se a simpatia é mérito próprio, ou resultado da tragédia que pôs fim a sua carreira. Lee morreu durante as filmagens. De qualquer forma é difícil entender o por que de volta e meia Hollywood perder jovens promissores. Além de tristes os episódios ofuscam as obras, e se tornam seu maior chamariz. Um desperdício não acha?
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