Certa vez Sue Silvester (de Glee) afirmou que o problema com a atual geração de adolescentes é que ela é obcecada por rótulos. Adotando-os com orgulho, mesmo quando não correspondem completamente a verdade. Ganhar rótulos na adolescência realmente é comum, mas nem de longe é um problema apenas desta geração.
Rótulos e estereótipos são o tema principal de Clube dos Cinco. Um atleta, uma patricinha, um nerd, uma esquisita e um rebelde, compartilham um sábado de detenção na escola. Depois do estranhamento e desentendimento inicial entre eles, começam a surgir características, e principalmente "vilões", em comum. Assim, não demora muito para descobrimos as pessoas além dos títulos comuns a estudantes estadunidenses.
Os tais vilões, é claro, são os adultos. Suas cobranças e falta de compreensão, segundo uma das personagens, atitudes geradas pelo fato de que com a idade seus corações morrem. Poético, "né"?
Provavelmente a obra mais brilhante da carreira de Hughes, conhecido por fazer filmes para adolescentes que parecem escritos por adolescentes, sem no entanto deixar de tocar aqueles que já passaram por essa fase. Neste filme de confinamento, o diretor/roteirista usa os estereótipos do sub-gênero como ponto de partida para descobrir esses jovens como indivíduos complexos, por mais que seus problemas pareçam insignificantes (o que não são), para os adultos.
Tudo isso sem perder a capacidade de falar com os jovens, com seu modo de falar e seu (as vezes bom) humor. A linguagem é simples, as discussões não são uma análise, apenas um desabafo. Cabe a cada um dos personagens (e dos expectadores), tirar suas próprias conclusões, e crescer com elas.
Surpreendente, especialmente para quem está acostumado ao estilo "curtindo a vida adoidado" do diretor. Bem ou mal, festas, diversões e namoros, são parte importante da adolescência, mas não são as únicas. Este filme relembra as partes menos divertidas dessa fase da vida, sem criar um clima deprimente ou "intelectualizar" as coisas.
Curioso é que enquanto a geração Hughes lutou para se libertar dos rótulos, deixando uma mensagem duradoura. A geração Glee os carrega as "etiquetas"com orgulho. Algumas vezes fazem delas um escudo. Será mesmo a melhor opção? Atenção papais e mamães, que tal apresentar Hughes e seus discípulos ao adolescentes que vocês tem em casa?
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