Isso mesmo, os seres extraterrestres presentes em A Guerra dos Mundos nos vêem em tons de verde e cinza. A cor verde especificamente para nossa pele, o cinza para todo o resto. Se existe metáfora escondida nesta peculiaridade, inútil à trama, descoberta pelos protagonistas não sei dizer. Em toda sua curta duração o longa de 1953 não apresenta riqueza de metáforas. Pelo contrário, tudo é explicadinho, nos mínimos detalhes!
Até então, a "Guerra dos Mundos" que eu conhecia era a festa de efeitos especiais de Spillberg. O longa de 2005 não é um remake do longa de 1953, mas uma outra adaptação para uma mesma história. A invasão é a mesma, mas personagens e detalhes são próprios de cada produção. Informação que fora largamente divulgada no lançamento do longa mais recente.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir várias semelhanças entre os filmes. Especialmente nos trechos em que os protagonistas de ambas as produções ficam presos em uma casa. E na incapacidade da protagonista do sexo feminino em se virar sozinha. O que para Sylvia (Ann Robinson), uma mulher adulta, soa muito mais patético que para a garotinha vivida por Dakota Fanning. Mas eram os anos 50 e as mocinhas deviam soar assim certo? Certo é que vou precisar ler o livro, e talvez ouvir a transmissão de rádio de Orson Welles, para descobrir como essas obras fazem referências umas as outras.
Voltando ao filme de 1953. Estranhos meteoros aterrissam na terra, logo descobre-se que não são meteoros. E que não vem em paz. Depois de especulações sem sentido, estratégias de defesa inúteis pouco se sabe sobre os marcianos (planeta de origem, tão deduzida quanto todo o resto). E quando até a arma mais poderosa que a humanidade inventou falha, o mundo se entrega ao desespero e selvageria. Em meio a tanta confusão o cientista Clayton Forrester (Gene Barry), ainda arruma tempo para um romance clichê.
Meteoros, estratégias militares, romance, luta pela sobrevivência, parece que cabe de tudo neste filme de cerca de 1h30 de duração. Além de efeitos especiais que incluem, raios da morte estilo "vela chuveirinho", naves espaciais penduradas por cabos, maquetes e fotos estáticas de diversas cidades do mundo, com naves e pessoas em movimento no primeiro plano.Tudo devidamente pontuado por uma narração intrusiva, que com a intenção de mostrar o cenário mundial cria cenas com cara de documentário que fica meio deslocado em meio a exagerada atuação dramática do elenco.
Sim, dramática! As pessoas gritam sacudindo as cabeças, se estapeiam desesperadamente em fuga e o mocinho (sem jeito mandou lembranças) precisa de mais delicadeza para abraçar a mocinha. E entre as cidades a que mais resiste é Washington, claro!
Os marcianos merecem um parágrafo à parte. Pouco vistos, tem um visual menos assustador do que esperado. De fato, dão mais medo antes de vermos seus olhos coloridos, e seu comportamento nada alienígena.
A Guerra dos Mundos não soa nada crível para quem o assistiu após 60 anos de evolução alienígena no cinema. Seus efeitos são datados, e o roteiro traz vários erros (como assim uma bibliotecária pode ficar servindo cafézinho em meio uma armada militar? O que aconteceu com os militares e os esforços do governo no fim?) Mesmo assim é divertido!
É curioso ver a ingenuidade da direção de arte ao criar os monstros. Assim como a reação da "humanidade", apostando tudo nas armas ao invés de conhecer o inimigo. Tentando inutilmente melhorar a reputação de uma bomba atômica, colocando os mocinhos no raio da explosão.
Não funciona, mas diverte! E nos faz pensar em que tipo de mundo produziu esta pérola da ficção cientifica? Um lugar tão estranho quanto as pessoas verdes que os marcianos enxergam.
2 comentários:
particularmente e prefiro o remake de 2005 mas cada longa tem a sua peculiaridade. mas convenhamos que na epoca desse filme a tecnolgia pra usar não era das muitas e em 2005 a tecnologia estava bem mais avançada.ótimo post
São exatamente os efeitos especiais precários e a ingenuidade da época (sério que os caras achavam que aliens entendem a bandeira branca, rs)que mais encantam, na minha humilde opinião.
Volte sempre!
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