A cena mais icônica do cinema de todos os tempos, sem dúvida |
Era uma vez Psicose (Psycho, 1960), um dos maiores clássicos (quem sabe, o maior?) do cinema. Sabia da cena de assassinato do chuveiro (e quem nunca a vira ou ouvira falar dela antes?), mas não sabia como ela se desenrolaria nem o contexto exato do momento do crime. Até que um dia, sem querer, alguém me contou um dos maiores segredos do filme e eu fiquei meio sem vontade de realmente assistir ao título, infelizmente. Sorte minha que ele estava na lista do blog, ou eu nunca veria essa pérola do cinema por pura birra.
A secretária Marion Crane (Janet Leigh), cansada de ter que se encontrar às escondidas com o namorado Sam Loomis (John Gavin), vê a oportunidade de mudar de vida quando seu chefe fecha um bom negócio na imobiliária onde trabalha e pede para que ela deposite o dinheiro no banco. Ela decide pegar esse dinheiro para si e começar uma nova vida ao lado de seu amor; afinal, não é todo dia que uma bolada de 40 mil dólares cai do céu. Mesmo assombrada por seus medos (era a primeira vez que ela cometia um delito, após 10 anos trabalhando sem parar), ela não iria desistir de seu sonho de casar-se com seu amado e viver feliz com ele sem preocupar-se com dinheiro. O que ela não contava era com o temporal na estrada, que a fez parar no Motel Bates para um pernoite apesar de estar muito perto da cidade onde Sam trabalhava.
O que ela não esperava era que Norman Bates (Anthony Perkins, espetacular), o dono do hotel, fosse um cara tão esquisito. Norman vivia com a mãe doente, que nunca saía de casa - a residência dos Bates era bem próxima do hotel - e, apesar de precisar dos visitantes, ela não gostava muito de estranhos. Irritou-se severamente quando seu filho hospedou a jovem Marion, pois ela era bonita e estava sozinha, e a senhora Bates achava que ela iria roubar seu filho, sua única companhia. Norman chegou a conversar com Marion depois que ela ouvira a discussão de mãe e filho, e Marion conheceu um pouco mais da infância perturbada de Bates. Um estranho mote para conversa fiada, mas... Era o que ela tinha naquela noite. Já se sentindo culpada e arrependida de sua aventura, preocupada com as consequências, Marion estava decidida a voltar para Phoenix e resolver sua situação. Mal sabia que sua determinação terminaria naquela noite, mais precisamente durante o seu banho (e que sua morte seria uma das mais icônicas cenas do cinema, com uma das melhores e mais memoráveis trilhas sonoras). Marion foi esfaqueada pela ciumenta mãe de Norman, que foi depois obrigado a retirar o corpo e sumir com as evidências do crime.
Norman Bates (Perkins): "Todos ficamos meio louco, às vezes" |
Depois do desaparecimento repentino, a irmã de Marion, Lila Crane (Vera Miles) e um detetive particular contratado pela imobiliária estavam em busca de seu paradeiro. Arbogast (Martin Balsam), o detetive, chegou primeiro a pensar que Sam, o namorado de Marion, tinha algo a ver com o desaparecimento da moça - mais ainda, que ele estava envolvido na decisão dela de roubar o dinheiro de seu trabalho. Procurando por notícias de Marion em cada hotel das proximidades, Arbogast acabou por chegar no Hotel Bates. A conversa com o nervoso Norman o deixou com a pulga atrás da orelha, as informações que ele passava não eram nada consistentes. Arbogast quis conversar com a mãe de Norman, mas ele não permitiu; decidido a voltar e ter uma conversa com a senhora sem a presença do rapaz, ligou para Lila avisando do pouco que tinha descoberto e avisou que voltaria ao hotel para conversar com a senhora Bates. Prometeu dar novas notícias em breve, mas não voltou a ligar: pudera, a senhora Bates atacara novamente e deixava para o filho o trabalho de se livrar novamente do corpo.
Achando estranha a demora de Arbogast, Sam e Lila resolvem ir até o xerife da cidade. Ele acha estranho o casal mencionar que Arbogast voltara para conversar com a mãe de Norman, já que ela estava morta havia dez anos. Entra em contato com ele, que afirma que o detetive esteve no hotel, mas não o vira mais depois que respondeu às perguntas dele. Como não sossegariam sem ter uma resposta satisfatória pelo sumiço dos dois, Sam e Lila decidem ir ao Hotel Bates para ver se conseguiam descobrir algo sobre Marion e Arbogast. Enganando Norman, que os colocara no quarto 10 e não no 1, que era o que Marion havia estado, ambos foram até lá bisbilhotar: encontraram no vaso sanitário os restos de um papel escrito por Marion, com uma conta matemática e os números 40.000 menos os gastos dela até ali. Sam decidiu conversar com Norman para despistar enquanto Lila iria para a casa dos Bates conversar com a senhora. Lá ela descobre que a casa estava vazia, mas sentia que havia algo de estranho.
Norman conseguiu deixar Sam desacordado e voltou correndo para sua casa quando descobriu que eles o haviam enganado. Tentando se esconder do estranho dono do hotel, Lila acaba por descobrir um porão embaixo da escada. Lá, para horror dela, ela encontra o cadáver da mãe de Norman. Como um raio, ele aparece no local, vestido como a mãe, e tenta matá-la com uma faca - a mesma forma que havia matado Marion e Arbogast. Norman é impedido por Sam, que havia se recuperado e chegado à tempo de impedir o desastre. Já na delegacia, descobrem que Norman tinha problemas mentais, e que se fantasiava de Norma Bates (sua mãe) por remorso - fora ele quem a assassinara dez anos antes. Depois disso, ele nunca mais foi o mesmo, e sua personalidade dupla o fez cometer diversos crimes envolvendo jovens garotas bonitas, uma vez que elas perturbavam demais a ciumenta alucinação de Norma.
A cena do chuveiro é um belo exemplo da fotografia fantástica do filme |
O filme é genial por vários motivos, desde a jogada de Hitchcock em comprar os direitos e todas as cópias publicadas do livro que inspiraram o roteiro (só para garantir a surpresa do final), a direção magistral de Hitchcock e as atuações maravilhosas de Perkins (Bates) e Leigh (Marion), esta mesmo em uma pequena participação são alguns dos trunfos da produção. A fotografia inteligentíssima (tente assistir ao filme pausando de vez em quando; analise cada frame congelado e perceba a genialidade do take) e a trilha sonora impactante também contribuem para a criação do clássico. Um filme irretocável e surpreendente, mesmo passado tanto tempo de sua estreia. Para mim que, já descobrira antecipadamente o final, nem era tanta surpresa descobrir a macabra dupla personalidade de Bates, ainda assim me surpreendi com a qualidade do suspense: o segredo é mantido e bem guardado por jogos de luzes, os crimes brutais são genialmente retratados, a trama é extremamente bem amarrada e executada. Ainda bem que não fui vencida por um spoiler.
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