Me enganaram, este filme não é exatamente um conto de fadas! Sim, ele é inspirado pelo clássico de Hans Christian Andersen, mas não conta necessariamente a mesma história. O conto de fadas é na verdade apresentado em forma de um belo balé durante a projeção.
Victoria Page (Moira Shearer) sonha em ser bailarina profissional. É apenas quando ela conhece Boris Lermontov (Anton Walbrook), diretor de uma famosa companhia de balé é que alcança seu sonho. O grande sucesso que fez seu nome, e que ela, por sua vez tornou famoso, foi Os Sapatinhos Vermelhos.
Clássico conto de artista que deve escolher entre a arte e o amor e de um produtor ganancioso que acha que possui seus artistas. O filme peca apenas em um aspecto, não se assumir como uma produção dançante. O longa perde tempo com introduções longas e excesso de personagens, e não aproveita aos transformar suas longas elipses em novos números musicais.
Afinal, é a dança a melhor parte do filme. Não é para menos, sua protagonista é vivida por uma bailarina. E enquanto o mundo real é enfadonho e burocrático, a vida sobre os palcos é uma bela abstração, digna das fantasias de contos de fadas. Especialmente, é claro, o número que apresenta o balé que da nome ao longa. Este sim, contando a história de Andersen, é uma longa e delicada sequencia de dança sensível e visualmente deslumbrante.
Em alguns momentos, a dança lembra os números musicais de Gene Kelly. A pegadinha mora aí, na verdade o astro de hollywood, não apenas se inspirou no filme como decidiu supera-lo, em seu longa Sinfonia de Paris (1951).
Um clássico pouco conhecido, Os Sapatinhos Vermelhos pode não se o melhor exemplo de conto de fadas, mas com certeza é matéria obrigatório para cinéfilos e amantes da dança. Que inspira gerações Gene Kelly desde à Martin Scorsese. E, se serve de consolo, tem um final tão melancólico quando o original de Hans Christian Andersen.
0 comentários:
Postar um comentário