O novo filme da dupla Burton+Depp, curiosamente é baseado em um produto desconhecido em terras brasileiras, embora seu gênero seja uma especialidade nacional. A novela Dark Shadows passava na TV estadunidense na década de 1970, e para salvar a audiência incluiu o vampiro Barnabás Colins na trama. É essa história que acompanhamos em Sombras da Noite.
Em 1972 a familía Colins, outrora fundadora e mais poderosa da cidade, vive sem prestígio e sem dinheiro na gigantesca mansão Colinwood. Tudo muda quando seu antepassado adormecido por quase 200 anos, Barnabas Collins (Johnny Depp), retorna e decide restabelecer o prestígio da família. Interferem (positivamente ou não) os quatro descendentes restantes, os empregados da família, que incluem uma psicóloga e uma misteriosa babá, Além da bruxa Angelique (Eva Green).
É na superpopulação e no excesso de subtramas, típicas de uma novela, que se encontra o ponto fraco do filme. Com tanta gente e tantas histórias muita coisa fica inacabada, mal explicada e/ou ajustada as presas. Assim nunca conhecemos quais os verdadeiros interesses da descendente/matriarca Elizabeth (Michelle Pfeiffer, competente). Roger Collins (Jonny Lee Miller) é apenas um peso morto. E mesmo o interesse amoroso de Barnabás, e seus divertidos (embora batidos) estranhamentos com o século XX ficam em segundo plano.
Conseguem se sobressair em meio à multidão de personagens, a divertida e moderninha (p/ os anos 70) adolescente Colins vivida por Chloë Moretz. E a inesperada psiquiatra contida(!) que Helena Bonham Carter, incorpora. Uma novidade e tanto em se tratando dos extravagantes papéis para que Burton costuma escalar sua esposa. Já o oposto pode se dizer da atriz (qual o nome mesmo?) escolhida para viver a mocinha Victória, aparentemente escolhida apenas por se parecer visualmente com um dos esboços de Burton.
O destaque de verdade fica com Eva Green e sua sádica bruxa. A caricata vilã não apenas está à altura da loucura do universo criado por Burton, como muitas vezes rouba a cena de Johnny Depp. E por falar no protagonista, Depp conseguiu aumentar sua galeria de estranhos e desajustados, apresentando um vampiro vitoriano com hábitos e palavreados em constante choque com a estilosa década de 70. O visual é de Michael Jackson na fase das excêntricas manias.
A direção de arte é impecável em subverter o subúrbio e o cotidianos familiar, e transforma-lo no tradicional universo sombrio usual nos filmes de Burton. Para os os aficionados por cinema, várias referências a outras obras do gênero como Nosferatu, são uma diversão extra.
Uma comédia familiar com situações bizarras que lembra bastante Burton de obras como Os Fantasmas se Divertem e Eduard Mãos de tesoura, embora nunca seja tão brilhante e original quanto os anteriores, afinal é uma adaptação. Mas, ainda sim diverte e muito. E ainda merece credito extra por trazer um vampiro tradicional, em uma época que qualquer criatura se dá esse título.
Resenha publicada originalmente no blog Ah! E por falar nisso..., na ocasião do lançamento do filme, em Julho de 2012.
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