Edward Davis Wood, Jr. amava contar histórias, se vivesse nos tempos de hoje, provavelmente teriam um canal no YouTube. Ou ainda expressaria suas idéias, quer o mundo queira ouvir ou não, em um blog que ele consideraria a coisa mais importante e.... er...
Mas, Ed Wood não viva em nossa globalizada e de livre expressão era. Mas, na Hollywood dos anos de 1950, nesse cenário uma forma de contar histórias impera: roteiros. Pode ser de teatro sim, mas o "barato" é fazer cinema. No caso de Wood, barato em ambos os sentidos já que as produções do, roteirista, cineasta e ator sofriam de uma mal conhecido como, ausência de orçamento. Nada que desanime Wood, afinal ele tem como parceiro constante, a lenda da sétima arte e ídolo de infância, Bela Lugosi.
É este entusiasmo, de quem sempre vê o copo meio cheio, e a relação com Lugosi, que o filme de Burton apresenta. Focando especialmente em três produções, Glen or Glenda? (1953), Bride of the Monster (1955) e Plan 9 From Outer Space (1956). O longa, mostra as nada ortodoxas técnicas de filmagem e capitação de recursos que tornaram suas produções pérolas da sétima arte. Inclua-se aí, contar com o dinheiro de desconhecidos que encontra no bar. E filmar tudo em apenas um take, tenha este saído certo ou não, afinal película custa dinheiro e suas produções tinham em média 4 dias para serem filmadas.
Fã assumido de filmes B, Burton não hesita em usar algumas de suas "soluções artesanais", nesta homenagem não apenas ao gênero, mas dois de seus mais notáveis ícones, Ed Wood e Bela Lugosi. A relação entre os dois, inclusive é o ponto alto do longa.
Um Lugosi, em fim de carreira, solitário e decadente, encontra sua última oportunidade não apenas de trabalhar, mas de viver na figura do Wood. O cineasta por sua vez, entusiasmado por ser amigo de seu ídolo, deslumbrado por trabalhar com ele, e sem muita noção da realidade em que vive, encontra a chance de sua vida, enquanto serve de muleta para o veterano interprete de Drácula.
E com um pouco de ajuda da premiada maquiagem, e um incrível trabalho de atuação, Martin Landau é Lugosi. Equilibrando a outrora imponência de um dos ícones mais assustadores do cinema, com fragilidade de um homem no fundo do poço, nem nunca se colocar na situação de ser digno de pena.
Esforço de atuação, que funciona melhor ainda porque seu contraponto o acompanha em qualidade na pele do jovem cineasta Johnny Depp inaugura sem sutileza muitas das características que o transformaram no ator de figuras incomum que ele é hoje. Em uma divertida atuação de uma pessoa, que segundo relatos, já era meio caricata na vida real. Vale uma olhada mais de perto também nos tipos estranhos que faziam parte do universo de Wood, as figuras mais estranhas e rejeitadas de Hollywood.
É claro, Burton não perdeu a chance de filmar tudo, de forma a situar seu longa, entre as produções "B", da época. O resultado é a ausência de cor, enquadramentos que nem sempre são os melhores, e efeitos dramáticos típicos da época.
Ed Wood, não é apenas uma cinebiografia, mas também uma obra sobre cinema. Sobre uma época, personagens rejeitados em seu tempo e esquecidos pela história mas, que nem por isso tinham menos amor à arte de contar histórias. E o mais importante insistiram, em fazer o que amam, mesmo sem ter tanto talento assim.
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