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O Hobbit - A batalha dos cinco exércitos: no final, ficou devendo


Olha, eu juro que esperava muito mais desse O hobbit - A batalha dos cinco exércitos (The hobbit - The battle of the five armies, 2014), principalmente depois do final da segunda etapa da trilogia. 

ATENÇÃO: se você não gosta de spoilers, pare de ler esta resenha aqui. Vou me esforçar para não revelar muita coisa, mas né? Depois não diga que eu não avisei... 

Quando a gente vê Smaug (voz de Benedict Cumberbatch, em interpretação ligeiramente afetada - mas não consigo imaginar outra voz pra um dragão) voar em direção à Cidade do Lago para acabar com todo mundo só por diversão no final de A desolação de Smaug (que, aliás, é o filme que estamos resenhando aqui nessa semana), a gente fica realmente esperando que no filme seguinte venha a acontecer o apocalipse na cidade - todos lutando para sobreviver, uma briga danada para se salvar, uma última atitude heroica que salve todo mundo. E tudo isso acontece de verdade, mas acaba antes dos créditos iniciais do filme. Cheguei um tantinho atrasada na sessão e ó, quase perdi tudo. Além do mais, dá um vazio danado perder Smaug assim, logo de início. Depois a gente vai ver o que aconteceu com os anões e o povo da cidade, agora liderados por Bard (Luke Evans, em boa atuação), e ainda tem o Gandalf (Sir Ian McKellen), que estava encarcerado em Dol Guldur. Aliás, a cena em que ele é libertado de lá é uma das minhas sequencias preferidas do longa - e é lindo ver Lady Galadriel (Cate Blanchett) expulsando as invejosas entrando na briga junto com Saruman (Sir Christopher Lee) e Elrond (Hugo Weaving).

Galadriel (Blanchett) e Gandalf (McKellen): uma das sequencias mais legais do longa
A tal batalha dos cinco exércitos acontece, e é bacana ver como ela se desenha. As cenas são muito bonitas e a ação é constante a partir  do momento em que a briga se desencadeia. Até lá... Bem, até lá a gente se vira com o desenrolar da trama dos anões, em que Thorin (Richard Armitage, que decepcionou nessa reta final) acaba se perdendo na mesma loucura que seu avô em sua ganância pelo ouro e pela Pedra Arken. Logo depois de terem retomado a cidade repleta de ouro sob a montanha, Thorin faz seus amigos procurarem pela pedra mágica dia e noite, sem descanso. Balin (Ken Stott) também teme por seu rei, que está cada vez mais louco, mas nem ele nem nenhum outro anão ousa desafiar suas ordens (isso só vai acontecer bem depois, quando já é quase tarde demais). Com a notícia do dragão morto, os elfos decidem que podem ir até Erebor tomar suas preciosas pedras élficas, enquanto os sobreviventes da cidade queimada também querem sua parte no tesouro - que fora prometida por Thorin, quando ele pediu ajuda, assim como abrigo enquanto reconstroem sua cidade. Com os orcs vindo pelo norte, afim de começar a retomada da Terra Média para Sauron, o Senhor do Escuro, uma enorme batalha estava prestes a eclodir à frente dos portões destruídos da Cidade Sob a Montanha - e havia apenas 13 anões e 1 hobbit para defendê-la. Thorin não aceitaria desculpas, nem trégua, nem se renderia. Queria apenas a pedra e seu tesouro. É nessa hora que cabe ao "ladrão" encontrar um jeito de sair daquela situação.

Thorin (Armitage): a ganância do rei anão o deixou louco
Bilbo (Martin Freeman) encontra a pedra antes que Smaug saísse de Erebor e destruísse Cidade do Lago, mas ficou receoso de entregá-la a Thorin quando percebeu que ele já não era mais o mesmo. Com ela em sua posse, ele tenta barganhar uma trégua entre elfos, anões e homens, mas seus planos vão por água abaixo quando Thorin não consegue mais enxergar a razão. Não bastasse a teimosia/demência do rei anão, os orcs chegam naquele exato momento para acabar com a história: um exército enorme de orcs liderados por Azog (Manu Bennet) vindo de Dol Guldur e outro liderado por Bolg (Lawrence Makoare), vindo de Gundabad (outra fortaleza orc, que ainda não havia sido mencionada na estória). Elfos, homens, dois exércitos orc. Qual seria o quinto exército? Os Pés de Ferro. Anões, liderados por um primo de Thorin, chegam na hora H. A chegada deles é muito legal, daquelas coisas que te empolgam. E quando a grande batalha começa, a gente se delicia vendo o bicho pegar.

Tauriel (Lily) e Legolas (Bloom): não disseram a que vieram
Mas, sejamos honestos, a empolgação acaba ali mesmo. O filme termina meio apressado e deixa muitos fios soltos, além de subestimar a participação do personagem principal da estória toda. Não sei se só eu senti isso, mas é como se em toda trilogia Bilbo fosse um coadjuvante de luxo e que sua importância era somente encontrar o Um Anel, para que existisse a sequencia de acontecimentos. Outras coisas também incomodam, principalmente em falhas no roteiro. Nem peço fidelidade ao livro, porque ainda não li, mas esperava ver um roteiro redondo - e não foi isso o que aconteceu. Como assim, a guerra já acabou? Quem foi que ganhou? O que fizeram com a Pedra Arken? O que aconteceu depois com a Tauriel (Evangeline Lily)? Por que Thranduil (Lee Pace, meu eterno pie maker de Pushing Daisies) e Legolas (Orlando Bloom) não conversavam sobre a mãe dele? (e o que aconteceu com ela, afinal? Só esse mistério renderia uma novela das 20h). O diretor Peter Jackson quis apelar para o emocional, e chega a insinuar um romance entre Galadriel e Gandalf que é difícil de engolir (se tem algo nos livros sobre isso, me perdoem) e força a barra no romance entre a elfa e o anão, com final trágico cheio de lágrimas que não chega verdadeiramente a tocar o coração. Alguns exageros nas cenas de ação são até perdoáveis (como a luta entre Bolg e Legolas, que mais parecia uma sequencia de videogame), mas outros não são. Sério, o embate final entre Thorin e Azog vai muito bem até os 45 do segundo tempo, mas entre a grande cena de luta e o grand finale da sequencia inteira, tem um momento de "não dá, véi!". O filme com certeza é o que tem mais ação na trilogia, e foi pensado para ser o maior, o mais grandioso. Mas, na prática, ele é mais enrolação do que estória em si. Tá tudo certinho, tudo bem feitinho, os links para a trilogia do Senhor dos Anéis, mas eu esperava mais. Se em O retorno do Rei, o filme que fechava a primeira trilogia, o problema era o excesso de finais emotivos, esse pecou pela falta de um final conclusivo. Uma pena. 

2 comentários:

Giselle de Almeida disse...

E bota enrolação nisso! Até na hora de linkar com O senhor dos anéis eles pesaram a mão. Mas, poxa, as cenas de videogame até que foram divertidas - humor involuntários, vá, lá, mas humor haha

Fabiane Bastos disse...

Vou explicar: Legolas ainda tava no nível iniciante, no SdA já era master. Por isso o humor involuntário, se tivesse que disputar mortes com Gimli ia perder! hehehehe

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