Era 1976, e já rolava a primeira grande, ainda que involuntária, campanha anti-bullying cinematográfica. E Carrie, A Estranha ainda trata de fanatismo religioso, abuso infantil, as descobertas da adolescência e a possibilidade da existência de poderes paranormais. Caso você tenha ficado preso em uma despensa nas últimas 4 décadas, eis uma breve sinopse.
Mensagem: não pratiquem Bullying, seu colega de classe pode ser um X-Men descontrolado! |
Carrie (Sissy Spacek) é a típica adolescente desajustada. Ingênua, tímida sabe pouco sobre o mundo graças a educação mais que rígida da mãe (Piper Laurie) uma fanática religiosa, que literalmente tranca a filha na despensa para expurgar seus pecados. É claro que a matriarca, nunca teve "a conversa" com Carrie. Completamente desinformada a moça acredita que está morrendo quando menstrua pela primeira vez na escola. E como ajudar recebe uma horda de insultos adolescentes, de suas colegas de turma.
Junto com a idade adulta, a protagonista descobre seus poderes telecinéticos. E enquanto Carrie descobre o que é capaz de fazer, as colegas de turma tentam lidar com o castigo. Algumas melhores que outras. Entre vingança e atos de arrependimento, as ações dos adolescentes resultam em um final desastroso.
Bem pensado e executado, o filme é cheio de simbolismos, seja oriundos do material original. Seja por adições visuais bem pensadas, como a - SPOILER - morte da mãe, na mesma posição que a assustadora imagem de São Sebastião que Carrie deve ter encarado por anos presa na despensa - FIM DO SPOILER. Ou ainda dos fatos mais importantes, início e clímax, envolverem sangue e água (reparem que Carrie primeiro ataca os colegas com uma mangueira de incêndio), que rementem ao mesmo tempo morte, mudança e purificação. Apontando para a complexidade da personalidade e situação em que Carrie vive.
SPOILER em forma de foto, porque você já devia ter assistido este filme caro cinéfilo! |
Sem pressa para mostrar a que veio. O longa fortalece o apocalíptico clima desenrolando a trama com calma. Mantendo sua protagonista frágil e ingênua, mesmo quando magoada. Carrie nunca quis vingança até que tudo saia do controle. Enquanto sua rival Nancy Allen (Chris Hargenson), usa o sexo como forma de manipulação para saciar sua sede de vingança. Opostos perfeitos.
O que nos leva ao clímax, apresentando todo o desastre do baile, em telas divididas, que surpreendem quando lembramos que estamos assistindo à uma produção da década de 60. É ágil, assustadora e traz toda a força, que o filme guardara em forma de tensão até o momento.
No entanto, não sei se o gênero terror é o correto para a produção. Existe uma tensão constante e um clímax assustador, mas a essa altura estamos torcendo por Carrie. Até achamos que ela exagerou um pouco, mas no geral ela foi apenas uma vítima das circunstancias.
Intrigante, tenso, com bons temas a serem discutidos, os remakes bem que tentam, mas a Carrie original ainda é a mais poderosa. Se não ajudou a diminuir o bullying, mesmo com novas versões indo e vindo (já são dois remakes e uma sequência), no mínimo apontou a importância das aulas de educação sexual no colégio. Já é um começo...
0 comentários:
Postar um comentário