Já não se fazem ladrões no cinema como antigamente, não é? Antes os caras tinham que ter talento e charme, serem trapezistas, bon vivants, boa pinta e cara de pau o suficente pra admitir que roubavam mesmo e "porque sim". Hoje, é um tal de ter cara de mau, muitas armas, muitos capangas, muita tecnologia, muitos tiros e um passado triste e sofredor (se você tiver que justificar porque ele se tornou o que é). Ladrão de casaca (To catch a thief, 1955) é um delicioso jogo de gato e rato, onde mocinho e bandido - literalmente - se confundem.
John Robie (Cary Grant) mora tranquilamente no paraíso da Riviera Francesa, mas é assombrado por seu passado. Antes conhecido como "O Gato", famoso ladrão de jóias, ele perde o sono e o sossego quando uma série de novos crimes passa a acontecer no verão: um novo criminoso usa das táticas de Robie para roubar os ricos turistas que visitam a região e a polícia resolve incriminá-lo antes mesmo de investigar se ele é culpado.
Tentando salvar a própria pele, ele trama desmascarar o novo Gato para poder voltar a viver em paz. Com a ajuda de um gerente de hotel, amigo de longa data, e de um corretor de seguros, que tem os nomes dos clientes mais ricos que estão de férias na região, eles tramam desmascarar o ladrão. Mas não vai ser fácil.
Robie acumulou inimizades e a própria polícia não parece interessada em resolver o caso - quer apenas um coitado para culpar e dizer que fez o seu trabalho. Vigiado de perto por inimigos e pela polícia francesa, ele tem que fingir um novo golpe para acompanhaf de perto os movimentos do novo ladrão. Suas vítimas são duas mulheres, mãe e filha: Jessie (Jessie Royce Landis) e Frances Stevens (Grace Kelly). Jessie adora exibir suas jóias extravagantes, o que deixa a filha e o corretor preocupados. Frances é mais discreta, raramente usa jóias - mas seria impossível a qualquer mortal não reparar em sua presença. Belíssima e elegante, a jovem primeiro parece não se importar com a presença de Robie - apesar de ficar aparente sua desconfiança nele. Depois de um beijo roubado (por ela!), a moça passa a investir mais tempo na companhia de Robie - somente para se gabar que o desmascarou. Acreditando que conhece os segredos do homem e que pode confiar nele, sua relação fica abalada ao descobrir que as jóias da mãe foram roubadas. Achando-se traída, denuncia Robie para a mãe e a polícia. Com o cerco apertando, só resta a Robie uma chance: conseguir capturar o ladrão verdadeiro antes que perca a liberdade - e a mulher de sua vida.
O filme é uma delícia de se acompanhar. Soa despretensioso, como se fôssemos todos passar férias na Riviera. E o cenário é mesmo de babar: as tomadas da região fazem a gente suspirar e sonhar ter metade da elegância de Kelly para fazer jus àquele lugar. A trama bem amarradinha, com as reviravoltas típicas de um Hitchcock, prendem a atenção até o fim, sem cansar. Um suspense romântico, uma produção luxuosa, uma fotografia linda. Meu único porém é com a maquiagem de Grant, que foi exagerada para fazê-lo parecer "rato de praia" (às vezes ele parecia laranja, às vezes marrom, e nunca tinha o mesmo tom em mais de duas cenas diferentes). Mas, isso é só um detalhe e implicância minha. Deixe-se apaixonar por Grant e Kelly nesse maravilhoso longa.
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