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A Vingança Está na Moda

Anoitece, e acompanhamos uma misteriosa e elegantíssima mulher chegar a uma cidade aparentemente fantasma: isolada no meio do nada, muito pobre e quase deserta, em nada combina com aquela figura. Myrtle Dunnage (Kate Winslet, cada vez mais linda), conhecida como Tilly, está de volta - e em sua primeira fala já anuncia o que veio fazer ali: "Estou de volta, filhos-da-mãe".


Aos poucos, descobrimos do que se trata a vingança de Tilly, e, surpreendentemente, junto com ela. Voltando à sua cidade natal depois de 25 anos fora, acusada de um homicídio, Tilly foi expulsa da cidade e aperfeiçoou seu dom com os melhores do mundo da moda. Mas precisava voltar para sua cidadezinha por dois motivos: ela não lembrava de ter cometido nenhum assassinato (embora não se surpreenderia se isso realmente tivesse acontecido) e para cuidar de sua mãe, Molly Dunnage (Judy Davis, maravilhosa). Conhecida como Molly Maluca, continuava a morar no mesmo lugar de sempre - a casa no alto da colina de Dungatar. Resgatar a memória da mãe a própria é o principal objetivo de Tilly, o primeiro passo para a vingança ser completa.
Mas esse não era a única meta de Tilly: o acerto de contas com o passado passava por aquela lembrança que ela não tinha, mas não podia parar ali. Todas as pessoas que foram cruéis com ela quando ela ainda tinha apenas 10 anos, aqueles que a afastaram de sua mãe e a abandonaram à vida miserável que a senhora hoje levava, todos os anos torturada pela crença de que era amaldiçoada. Todos eles iam pagar de um jeito ou de outro.
Nesses anos fora, Tilly desenvolveu um talento extraordinário. Exímia costureira, aprendeu a moldar vestidos de forma a realçar a beleza das mulheres - um talento que nenhuma costureira mais próxima daquele fim de mundo que era Dungatar jamais teria. Tilly prova o poder que um vestido tem ao causar durante um jogo de futebol australiano e convence a desajeitada Gert (Sarah Snook, ótima) a usar um de seus vestidos para o baile dos campeões. Assim, ela tinha certeza que a garota conseguiria consquistar o coração de William Beaumont (James Mackay).

Gert chega causando alvoroço no baile, e logo todas as mulheres momentaneamente se esquecem do ódio que sentem por Tilly e lhe encomendam vestidos tão fabulosos quanto os de Gert para... Bem, para qualquer coisa: de trocar lâmpadas a apenas passear pela cidade. Bruxaria de Tilly ou poder da moda? Não importava, desde que estivessem glamorosas. É quando o prefeito da cidade resolve contra-atacar e contratar outra modista. Una Pleseance (Sacha Horler) não tem o mesmo talento de Tilly, mas pelo menos não é uma bruxa da moda.
Apesar do turbulento recomeço, quanto mais o tempo passa, mais as memórias de mãe e filha voltam. A Tilly pode contar ainda com a amizade verdadeira de alguns moradores, como o sargento Farrat (Hugo Weaving, fabuloso) e Terry McSwiney (Liam Hemsworth). As peças do quebra-cabeça vão se encaixando aos poucos conforme a proximidade do casamento de Gert e William, e todos os personagens vão se mostrando muito mais do que apenas aparentam. Muitas surpresas esperam por Tilly e reviravoltas acontecem quando o passado vem à tona.
O longa é um tiro certeiro: a direção de Jocelyn Moorhouse é suave e o bom roteiro flui bem, além de uma ótima produção de arte e figurinos glamorosos na medida (devido à dificuldade de se chegar à cidade, muitas coisas deveriam ser levadas em conta quanto a materiais disponíveis - e até nisso a produção foi atenta) criando a atmosfera melancólica e vívida de um pedaço esquecido do mundo. Um elenco primoroso, onde todos os atores envolvidos parecem muito à vontade em cena e nos dão a impressão de se divertir ao trabalhar, realmente dão o tom do filme. A fotografia, bastante inteligente e eficiente, faz parte da narrativa e acrescenta facetas aos já bem intrigantes personagens. O desenrolar da trama sucede de forma orgânica, sem apressar ou omitir detalhes, e o final é bastante coerente (e, para alguns, pode ser até surpreendente).
Um filme que, apesar de estar na seara dos "livros adaptados" (sem um roteiro original), consegue fugir do lugar-comum e ser uma deliciosa surpresa. Divertido e interessante, tocante e instigante, um ótimo passatempo. Como eu não conhecia a obra original de Rosalie Ham antes, assistir ao filme antes me deixou a estranha sensação de que o livro, agora, vai ter que se esforçar para superá-lo.

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