Alice através do espelho (
Alice through the looking glass, 2016) é uma continuação de
Alice no País das Maravilhas, sim, mas tem contexto bem diferente do livro. Aliás, o primeiro longa, com direção de Tim Burton, também pouco tem a ver com o livro original e mais a ver com o universo quase onírico criado por Lewis Carrol. E, seguindo esse pensamento, essa nova produção tem certa coerência. Sem Burton na direção do longa, as cores caprichadas e os efeitos visuais de encher os olhos contam uma estória do Chapeleiro Maluco (Johnny Depp).
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Chapeleiro (Depp): estaria enlouquecendo de vez? |
Alice (Mia Wasikowska) está no mar, capitaneando o navio de seu pai, Wonder, enquanto foge de piratas. Depois de manobra arriscada (e praticamente impossível), ela consegue voltar para casa. Encontra sua mãe enfrentando dificuldades em se manter sozinha na sociedade aristocrata: depois da recusa em se casar com Hamish (Leo Bill) e de se decidir se aventurar no mar, recusando-se a aceitar o padrão para uma dama, a jovem senhora enfrentava o preconceito da sociedade. Forçada a fazer negócios e penhorar o navio que era herança de Alice, esta acaba se desentendendo com a própria mãe em uma festa. Mas, para sua surpresa, Absolem (voz de Alan Rickman, em seu último trabalho) aparece no salão e guia Alice até uma sala onde um espelho a levaria de volta ao País das Maravilhas.
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Alice (Wasikowska) e Absolem (Rickman): hora de voltar ao País das Maravilhas |
Sua volta era novamente esperada, mas não comemorada: Mirana, a Rainha Branca (Anne Hathaway), o Coelho Branco (Michael Sheen), TweedleDee e TweedleDum (Matt Lucas), a Lebre de Março (Paul Whitehouse) e outros personagens estão preocupados com o Chapeleiro. Este está recluso em casa, triste por não se sentir compreendido. Encontrara ao acaso um chapéu de papel que ele tinha criado quando criança e dado de presente ao pai, e agora estava atormentado pela possibilidade de sua família estar viva. Ciente de que toda a família Hightopp havia sido massacrada pelo monstro de estimação de Iracebeth, a Rainha Vermelha (Helena Boham-Carter), Alice não acredita que possa ajudá-lo. A descrença de Alice só entristece ainda mais o Chapeleiro.
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Tempo (Baron-Cohen): seria este o maior vilão de todos? |
Num último recurso, Mirana decide que Alice pode ser a única que pode verdadeiramente ajudar o Chapeleiro: como não é uma criatura do País das Maravilhas, ela pode ir até o Castelo do Tempo e usar a Cronosfera para descobrir a verdade. Enfrentando o Tempo (Sacha Baron-Cohen) e viajando para o passado, tentando descobrir o que aconteceu com a família do Chapeleiro, Alice descobre bem mais do que apenas o paradeiro dos Hightopp - mas será que ela consegue voltar a tempo de salvar o Chapeleiro do desaparecimento e o próprio País das Maravilhas de ser destruído pelo Tempo?
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Alice mostra o quanto amadureceu |
Como disse antes, apesar de Alice ser a protagonista das ações, o filme é voltado para solucionar o drama do Chapeleiro Maluco - praticamente um
spin off. Gostei de acompanhar as descobertas de Alice, principalmente as que surgem nos ensinamentos que só a experiência consegue imprimir nas pessoas, como a de que não há um bom sem um "porém" (ditado de vó, mas que se encaixa bem aqui), e de que nem sempre o Tempo é um vilão. Alice amadurece ainda mais do que havia amadurecido na aventura anterior, mas não somente ela - o que é interessantíssimo. As referências ao Tempo e a forma como a estória é desenrolada me lembrou muito a narrativa de Carrol nos livros originais, apesar de não haver nenhuma relação com o "Através do Espelho".
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Tempo (Baron-Cohen) na hilária cena do Chá da Tarde:ótimas sacadas |
No mais, o visual é feito para deslumbrar e os efeitos (apesar de, às vezes, exagerado) cumprem bem a tarefa. O roteiro, apesar de linear, é bastante eficiente e tem todos os nós amarradinhos - e algumas surpresas incluídas. As piadas a respeito do Tempo são as melhores, numa sequência impagável na mesa do chá. O filme tem um ritmo alucinante, com saltos no tempo e muitos aparelhos interessantes. O elenco todo está "ok", o que não é muito elogioso para o time escalado. O longa deve entreter, especialmente pelo espírito grandioso, mas não é lá muito memorável. Ao menos não fiquei entediada (como aconteceu no seu precursor). Vale a pipoca com os pequenos.
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