Warcraft - O primeiro encontro de dois mundos (Warcraft, 2016) é, de certa forma, surpreendente. Com todos os ingredientes para ser um bom blockbuster, tem de tudo para agradar a fãs e não fãs. Para os não-iniciados no jogo que deu origem ao filme, o longa narra a mitologia de forma quase didática porém sem ser enfadonha. Mas vale o aviso: se você não é daqueles que curte fantasia fantástica, pode ser difícil aguentar os 152 minutos (cerca de duas horas e meia) de lutas, nomes estranhos e magias.
Durotan (Kebbel): chefe do clã dos Lobos de Gelo |
Durotan (voz de Toby Kebbel) é um respeitado chefe orc com muito o que pensar. Seu clã, os Lobos de Gelo, eram prósperos em Draenor, seu mundo; mas quando este entra em colapso, todos os clãs foram convocados por Gul'dan (Daniel Wu) para invadir Azeroth, o mundo dos humanos. Usando de magia verde, chamada Vileza, e da superior força física, os orcs a mando de Gul'dan destroem tudo o que veem pela frente e capturam os sobreviventes mais fracos (para que suas vidas sejam absorvidas pelo mestre e transformadas em novos portais para Azeroth). Durotan reluta em ir, mas a magia de morte de Gul'dan não deixa brecha para a negativa.
A esposa de Durotan, Draka (Anna Galvin) está grávida - e mesmo assim vai à luta. Durante a passagem pelo portal, invocado pelo próprio Gul'dan, seu filho nasce morto. O chefe então o ressuscita usando de sua magia maligna: rouba uma vida para dá-la de presente para o bebê - mais um futuro soldado para sua Horda. Durotan e Draka sentem que isso é um mau presságio.
Gul'dan (Wu): ou luta, ou vira combustível |
No mundo humano, Khadgar (Ben Schnetzer) é um aprendiz de mago que acaba sendo interpelado pelo comandante Lothar (Travis Fimmel) ao ser pego vistoriando cadáveres de uma patrulha exterminada por orcs. Encontrando vestígios de Vileza no corpo, solicita que Lothar convoque o mago Guardião Medivh (Ben Foster) para cumprir seu papel de proteger. Impossibilitado de fazê-lo, pois somente o Rei pode convocar o Guardião, Lothar dirige-se até ele para informar dos novos acontecimentos. O Rei Llalen (Dominic Cooper), após informado, convoca a presença do Guardião. Lothar e Khadgar devem ser os responsáveis por trazê-lo de seu refúgio.
Enquanto Haggar se perde entre as inúmeras prateleiras de livros (e é induzido a roubar um dos volumes), Lothar é o encarregado de entregar o anel do Rei para o Guardião - e desta vez, ele não poderia se negar a aceitar. Percebendo que o caso é grave, o Guardão não oferece resistência: usa de sua magia de teletransporte para retornar ao Rei e juntos comandarem uma estratégia de defesa. É nesse hora que os caminhos de Durotan e os guerreiros de Azeroth se cruzam, assim, como a da semi-orquisa Garona (Paula Patton) - e o destino de todos será transformado.
Lothar (Fimmel): não parece uma cena de videogame? |
Tecnicamente, o filme é bem executado. O roteiro é bastante linear, o que facilita muito a compreensão dos mundos orc e humano, a enorme quantidade de personagens e a problemática do verdadeiro vilão - um plot twist bem interessante, porém um tanto previsível. A arte digital é bem realizada: a quantidade de detalhes e texturas é incrível, o movimento dos seres digitais é fantástico e bastante realista. A quantidade de trabalho dedicada nesse setor foi brutal, e o resultado é de encher os olhos. Mesmo eu não sendo uma jogadora, eu reconheci alguns itens do jogo: várias referências a armas que parecem especiais, cenas de campanha e luta entre humanos e orcs (e até de orcs contra orcs) que se assemelhavam a lutas multiplayer, além, é claro, da presença de efeitos de magia tão impactantes quanto os de um videogame. Mas não foi exatamente isso o que surpreendeu em Warcraft.
Mesmo se não houvesse um jogo prévio e batalhas de orcs contra homens, eu consegui ver no roteiro uma boa história. Está tudo muito bem desenhado: ação e reação, causa e consequência. Mais do que somente lutas, há enredo - e isso pode ser um problema para quem é jogador, pois os momentos de ação estão em segundo plano, apesar de serem bastante impactantes quando acontecem. Antes do filme, acreditava que os orcs eram vilões e maus, e não compreendia porque via tantas pessoas lutando pela Horda (ora, porque lutar contra "os mocinhos"?). Pelo que foi apresentado no longa, compreendi os motivos. No mais, como o próprio nome promete, esse foi apenas o primeiro longa a se passar no mundo de Warcraft - e as expectativas criadas para o segundo são grandes. Espera saber se Warcraft - O primeiro encontro de dois mundos vai conseguir agradar aos fãs e garantir a sequência nas bilheterias.
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