Juntando as peças para a grande batalha, a Marvel apresenta aos espectadores o filme do Doutor Estranho (Doctor Strange, 2016). Um personagem diferente dos outros herois a que estamos acostumados a ver nas telonas, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) não tem poderes mutantes ou produto de experimentos científicos, tampouco é um semideus alienígena ou espião ultra habilidoso. Sua historia é mais a de um anti-heroi: um homem que se vê obrigado a aceitar um destino que não quer.
Kaecilius (Mikkelsen): usando a magia para o mal |
O filme começa com um grupo de monges obtendo um feitiço importante de um livro sagrado em uma biblioteca de forma absolutamente cruel: após matar o bibliotecário, Kaecilius (Mads Mikkelsen) leva consigo um feitiço proibido que pode destruir o mundo. A Mestre Anciã (Tilda Swinton) ainda tenta impedir o roubo, usando de magia e habilidades marciais incríveis - tanto que Kaecilius, mesmo com um grupo muito maior, nem tenta confrontá-la: apenas quer fugir, e acaba conseguindo escapar. Então somos apresentados a Stephen Strange (Cumberbatch): um renomado neurocirurgião que se sente plenamente satisfeito com sua vida e seu status. Bem-sucedido, extremamente inteligente, se dá o direito de operar os casos de sucesso - mesmo que o procedimento seja muito arriscado, se há uma boa chance do paciente se recuperar, ele aceita o “caso perdido”. Porém, se não há condições de recuperação perfeita, a arrogância dele o faz desprezar o caso.
Christine (McAdams) e Stephen (Cumberbatch): parceiros de profissão |
Mas ele vê sua vida mudar drasticamente quando, em um acidente de carro, perde o controle de suas preciosas mãos. Antes precisas, agora estão arruinadas e nem mesmo os tratamentos mais caros ou mais experimentais puderam recuperar os movimentos perfeitos e precisos. Sua carreira está, para sempre, arruinada - e ele também pensa que sua vida foi para o brejo junto com ela. A doutora Christine Palmer (Rachel McAdams), sua parceira no hospital e ex-namorada, sofre por vê-lo tão obcecado com a perda da precisão, pois acredita que ele está desperdiçando tempo e energia em um caso sem reparação ao invés de aproveitar a segunda chance que teve de viver. Mas Strange não dá ouvidos à ela, e tenta sozinho um último recurso: desesperado, procura informações sobre um lugar misterioso que já havia conseguido reparar um caso médico considerado impossível.
Strange encontra Pangborn (Benjamin Bratt) e dele recebe as informações que precisa: gastando seus últimos recursos, viaja até Kathmandu atrás do Kamar-Taj. Ao encontrar o lugar, decepciona-se: acreditando ser uma espécie de seita que renega a ciência, se vê obrigado a aceitar algo que existe alguma coisa além dos seus conhecimentos quando a Anciã o confronta com uma projeção astral. Desesperado por uma chance de cura, ele acredita que pode aprender a usar a magia a seu favor - exatamente como Pangborn. Mas o destino tem outra função para o doutor.
Mordo (Ejielfor) e Strange (Cumberbathc): treinamento em Kamar-Taj |
Doutor Estranho é um filme, com perdão do trocadilho, estranho. Apostando em uma carga dramática maior que nos outros filmes da Marvel, mas ainda sem querer perder o tom de bom humor que permeou os outros longas (e que cativou muitos fãs que não conheciam os quadrinhos antes das estreias em cinema), a obra fica ligeiramente confusa entre ser drama ou diversão. Por isso fica um gostinho de que erraram a mão na hora das piadas: não que eu não curta as gracinhas em cena, mas é que, às vezes, não precisava. Strange é um homem que deveria ser muito desagradável e que, aos poucos, vai percebendo que a vida não gira em torno do próprio umbigo. Essa queda na realidade está subentendida em diversas metáforas e não há porque não deixar essa ser a marca do personagem: a tomada de consciência de que somos nada no universo é muito mais impactante do que uma piada pastelão para nos fazer rir em meio a uma batalha de vida ou morte. Esse foi apenas um detalhe na trama, mas contagiou todo o enredo. Por isso é uma falta grave.
Mas, para além disso, o filme funciona muito bem. Introduz personagens importantes e uma mística diferente aos superherois que o público não está acostumado a ver. O Doutor Estranho não tem superforça, não voa sozinho, não sabe lutar com armas - sua única chance, seu poder, vem de acreditar em si mesmo. A forma como a jornada do herói foi construída é bastante linear, talvez para compensar os malabarismos visuais e a complexidade da trama maior em que o Doutor se envolve. Aliás, fica bem claro desde o início que o heroi foi apresentado neste exato momento por conta disso: se você não viu Thor - O mundo sombrio (2013), Os Guardiões da Galáxia (2014) nem Os Vingadores - A guerra de Ultron (2015), vai ficar meio perdido quanto a esse enredo aí.
Anciã (Swinton) demonstrando o poder de sua magia |
No fim, o filme flui bem. Com um elenco estelar, seria muito difícil errar na composição dos personagens. Cumberbatch acerta no tom arrogante e divertido do heroi (diferente do quase robótico vilão Kahn de Star Trek - Além da escuridão); McAdams aparece pouco, mas tem participação decisiva - e divertida - durante a construção de Strange; e Swinton esbanja talento ao reunir força e sutileza em mais um papel ambíguo: ok, puristas, sabemos que na HQ o Ancião é um homem; mas se você puder deixar isso de lado, vai aproveitar muito mais a inteligente composição da atriz para um personagem tão complicado e importante. Destaco a participação de Benedict Wong como Wong, o novo bibliotecário, que rende algumas das melhores piadas do filme.
Efeitos especiais são um grande atrativo do filme: vale a pena uma sessão em 3D |
Elenco em sintonia, efeitos especiais bastante mirabolantes (mesmo tendo aquele efeito de “já vi isso em outro filme...”) que realmente funcionam no 3D. Uma boa pipoca de fim de ano, e um ótimo ensaio para um tom mais pesado nos filmes: basta entenderem que nem sempre precisa de uma piada para salvar o dia. Mais uma peça para o quebra-cabeças que culminará na Guerra Infinita. Ah! Não saia do cinema antes da segunda cena pós-créditos, ok? “Ah, mas todo mundo sabe que tem que esperar até o fim...” Bem, se mesmo com aviso o pessoal sai da sala antes de acenderem as luzes... Não custa nada reforçar, não é?
1 comentários:
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