Submersão (Submergence, 2017) é o novo longa de Wim Wenders, e traz Alicia Vikander e James McAvoy como os protagonistas dessa trama que, como o nome sugere, busca mergulhar no âmago de seus personagens – aquele tipo de busca tão profunda que muitos tem medo de fazer por não saber o que vão encontrar.
Danielle Flinders (Vikander) é uma pesquisadora que usa da Matemática para compreender a vida marinha: uma teoria desenvolvida por ela e que deseja comprovar é que os seres vivos não precisam de luz ou oxigênio para existir; e se conseguir tal comprovação na expedição científica no fundo do oceano ártico em que participará, ela seria a primeira pessoa a comprovar que é possível que exista vida em outros planetas sem a existência de água.
James More (McAvoy) é um espião britânico e tem um plano ousado: usando seu disfarce de engenheiro hidráulico, ele pretende chegar até os chefões da resistência jihadista ofertando um plano de saneamento e distribuição de água. Seus superiores, no entanto, acham o plano arriscado demais e muita coisa pode dar errado. Pouco antes de embarcar nesta missão quase suicida, ele acaba por se hospedar no mesmo hotel de luxo que Danny, e um breve, porém intenso, romance entre eles irá mudar por completo as visões que ambos têm do mundo.
É interessante ver como o diretor explora o tema “submersão”: de forma literal, há a expedição científica; mas as metáforas são muito mais interessantes. O medo do inseguro, do desconhecido e, ao mesmo tempo, o fascínio que ele exerce sobre nós está espalhado em vários questionamentos que as personagens têm que enfrentar. Nenhum dos dois, a princípio, esperava se apaixonar pouco antes de cumprir suas missões na vida, mas mergulhar de cabeça nessa paixão foi inevitável, impossível – e as conseqüências não foram necessariamente tão românticas e pacíficas quanto se espera ao se encontrar o amor romântico.
James (McAvoy) e Danny (Vikander): dois opostos, duas metades |
A narrativa mostra em paralelo como os dois, que são essencialmente diferentes um do outro (e, talvez por isso, complementares), passam a lidar com suas vidas e objetivos depois do encontro. Mesclando similaridades e mudanças de comportamento, situações onde ambos reagiriam de forma diversa ao que realmente fizeram, Wenders nos mostra que olhar tão para dentro pode ser assustador, mas também é necessário. Só há crescimento e verdadeira evolução se ousarmos vasculhar os locais onde temos mais medo e procurar as respostas. Ter sucesso ou não na missão já se torna irrelevante se o foco muda, e mesmo quando se encontrar exatamente o que se espera, não há garantias do que irá acontecer depois.
A bela Fotografia de Benoît Debie e a emocionante Trilha Sonora de Fernando Velázquez embalam com perfeição as ótimas performances de Vikander e McAvoy. Em ritmo cadenciado e contemplativo, somos levados a observar essas mudanças dentro e fora dos personagens. Destaco ainda a pequena, porém importante, participação de Alexander Siddig como o dr. Shadid, um personagem interessantíssimo e de participação crucial na estória de James. Submersão é uma ótima pedida para quem busca algo mais do que mero entretenimento.
1 comentários:
Obrigada por esta linda crítica! ❤
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