Antes de mais nada, preciso comentar que adoro os filmes dos anos 80: me fazem pensar que eu, por mais mal-vestida que esteja, sempre vou estar melhor do que se eu fosse uma adolescente americana na década de 80. Não dá pra não rir vendo aqueles cabelos megavolumosos e as roupas esquisitíssimas. Mas vamos ao que interessa.
É engraçado ver os filmes que eu tô acostumada a ver sempre com outros olhos. Esse, por exemplo, me deu uma noção completamente diferente da lembrança que eu tinha. Analisando criticamente, percebi que o roteiro é supersimples: Ferris é o garoto mais descolado da escola, que resolve inventar mais uma mentira para os pais displicentes a fim de faltar à escola e aproveitar para passear com o melhor amigo e a namorada. O que nos resta é só acompanhar o desenrolar desse dia.
O filme é lembrado como um clássico da rebeldia e anarquia (cena emblemática: Ferris no chuveiro, com moicano de xampu - quem nunca fez isso? - se questiona porque ir aprender sobre o socialismo europeu se ele nem quer se tornar um europeu ou se isso vai mudar o fato de ele não ter um carro pra passear), mas o ritmo é tão morno, tão lento que, juro, me dá sono. Foi um tanto decepcionante, como quando vi um James Dean tomando um porre de leite em "Juventude transviada". Pra mim, esses filmes pareciam ter mais energia. Fora a cena em que Ferris vai dançar e cantar "Twist anda shout" dos Beatles na parada é tudo muito, muito lento. Mas nada que faça o filme deixar de ser delicioso de se ver.
As melhores personagens são a irmã, que era revoltada simplesmente por ainda não ter descoberto que a adolescência é o período certo de se fazer pequenas loucuras perdoáveis; o diretor, sempre passado pra trás e devidamente massacrado, como no sonho de qualquer estudante obrigado a ir à escola para ter aulas enfadonhas enquanto o sol tá convidado para um praia; e o melhor amigo Cameron, que se cansa de sempre ser o certinho e assume a rebeldia. E, como todas as outras personagens, eu também sinto inveja do Ferris, porque ele faz qualquer coisa (errada) e dá tudo certo.
A tradução do título para o português não podia ser mais feliz: "Curtindo a vida adoidado" é atemporal. Curtir a vida não era só matar aula, era aproveitar o dia - mesmo que com coisas simples, como ir ao museu, desobedecer aos pais, passar um trote no maître, tomar banho de piscina ou andar pela cidade. Até porque a vida de verdade tá logo ali, depois da formatura, com a chegada do primeiro emprego e a ida pra faculdade. Sendo assim, porque não aproveitar os últimos dias de verão ao ar livre?
Ferris tem razão. A vida passa muito rápido, e se você não arriscar, vai perder a chance. Sair da linha, só um pouquinho, não faz mal a ninguém. Quem nunca sonhou em ser um Ferris Bueller na vida que atire a primeira pedra!
1 comentários:
Deprê! Nunca fiz moicano de xampu, meu cabelo sempre foi muito comprido p/ isso. :(
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