Divergência de classes, amor proibido, mecanização do trabalho, revolta, luta, referências bíblicas, simbolismos, metáforas e um cientista louco (devidamente acompanhado de um robô apocalíptico). Ufa! Nunca imaginei encontrar tudo isso em um filme mudo. Provavelmente porque a maioria de nós tem uma imagem caricata e engraçada em mente quando se fala em cinema mudo. Ok! É claro que as pessoas daquela época tinham mais conteúdo que nossas memórias estão acostumadas, isso se refletia nas artes e Metrópolis, de Fritz Lang, é a prova disso.
No futuro (não muito distante para nós, 2026), a tecnologia avançou espantosamente, as cidades cresceram, e o mundo é dividido em duas classes: a elite e os operários. Os primeiros vivem no luxo da superfície os outros trabalham de sol-a-sol, no subsolo para manter a cidade funcionando. É nesse cenário que o filho do criador Freder (Gustav Fröhlich) conhece a operaria Maria (Brigitte Helm), atira-se em uma paixão fulminante que o faz segui-la até o subterrâneo de Metrópolis. Lá, descobre as condições em que seus "irmãos" operários vivem. Experimenta sua vida de trabalho, se engaja na causa para se tornar o mediador entre as classes. Enquanto isso, na superfície seu pai, Joh Fredersen (Alfred Abel) descobre os planos de revolta (até então pacifica) dos operários e pede ajuda do inventor (Rudolf Klein-Rogge) que aproveita a oportunidade para orquestrar sua vingança.
Rico em metáforas e simbolismos, o longa nos mostra operários sem nome como parte da máquina, do sistema. O ponto prejudicial do avanço da tecnologia. Também fala de conciliação entre inimigos - "O mediador entre o cérebro e as mãos é o coração" - um tanto piegas para os padrões atuais, mas nem por isso menos verdadeiro. O Curioso é que quase 100 anos mais tarde o argumento principal continua atual. E análises para o temas abordados não faltam, consultem o "St. Google".
Ah! A atuação... Exagerada, a ponto de ser engraçada a primeira vista, mas no tom certo para passar a emoção necessária sem que uma frase seja dita. Hoje em dia até achamos graça, mas sinceramente, duvido que qualquer ator atual consiga reproduzir esse tipo de atuação sem cair no caricato, e parecer um bobão na frente da tela. Ao ponto acho dificil que alguém tenha coragem de achar bobo qualquer sequência dramática de Metrópolis.
Analises complicadas a parte, o impressionaste fica por conta da narrativa, mesmo sem som e sem cor e com sequências perdidas, atributos aos quais não estamos acostumados, o filme nunca se torna enfadonho. Se por conta da atuação exagerada, do tema, das caracerístas do expressionismo alemão, não sei dizer.
Mas sei que passei a primeira meia hora lembrando de outras obras. Tim Burton, Matrix, Star Wars, o desenho Os Jetsons, até mesmo do programa Qual é a música? me lembrei (um relógio feito de lâmpadas!). Até me tocar: Ei! Não é Metrópolis que lembra esses filmes, os filmes é que lembram Metrópolis!
Não importa se você já viu. Metrópolis é uma obra que faz parte da cultura mundial, quer percebamos isso, ou não. É por isso que é considerado um dos maiores clássicos do cinema. Fico feliz por estar em nossa lista.
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