O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas injustiças dos egoístas e pela tirania dos homens de mal. Abençoado é aquele que, no nome da caridade e da boa-vontade pastoreia os fracos pelo vale de escuridão, para quem ele é verdadeiramente seu irmão protetor, e aquele que encontra suas crianças perdidas. E eu os atacarei, com grande vingança e raiva furiosa àqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que meu nome é o Senhor quando minha vingança cair sobre você.
Pulp fiction é um dos meus filmes favoritos do Tarantino, ao lado de Cães de aluguel e Bastardos inglórios. Não lembro exatamente quando assisti pela primeira vez, mas sei que a cada vez que revejo, gosto mais ainda. Não só pela tão cultuada narrativa não-linear, que hoje já coisa batida em Hollywood, mas porque adoro os diálogos do diretor/roteirista e seus personagens ordinários (no melhor sentido da palava), mas que, assim mesmo, conseguem ser marcantes. Tão marcantes que é só fazer uma busca por imagens do filme que se encontram dezenas de montagens, colagens e artes sobre Uma Thurman e sua franjinha indefectível, e John Travolta e Samuel L. Jackson de capangas chiques. É o sonho de qualquer diretor: fazer filme com personagens interessantes, diálogos inteligentes e visual forte. Tarantino sabe mesmo das coisas.
E se em Kill Bill ele acabou perdendo a mão nas cenas de violência (acho que ele estava lendo mangás demais), é nos filmes dele mais desacelerados que a gente consegue ver mais qualidades em seu trabalho. Jules, personagem de Jackson, pra mim, é um dos pontos altos do filme. A citação que abre este post, retirada da Bíblia (Ezequiel 25:17) é dita pelo bandido sempre antes de executar um homem. O mesmo que, ao escapar da morte, vê um sinal divino e decide largar essa vida. Vejam bem, não se trata de um fanático religioso, afinal ele ganha a vida matando pessoas. É um cara que tem um conceito totalmente diferente de vida e morte, mas de uma hora para outra, tem um estalo e resolve mudar. Tudo decidido friamente, racionalmente. E nem é preciso dizer que Samuel L. Jackson arrebenta em cena.
O resto é uma delícia de se ver: Tim Roth e sua namorada histérica fazendo juras de amor antes de anunciar um assalto, Travolta desesperado tentando salvar a mulher do chefe de uma overdose, Tarantino de pijamas com medo de levar bronca da mulher, Bruce Willis escapando da morte porque seu assassino foi ao banheiro. Tem violência, claro. Mas o humor negro presente em todos esses momentos é impagável. Sem falar na trilha sonora espetacular, que aí já é covardia. É por essas e outras que continuo amando Pulp fiction.
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