Madeleine e o malfadado quadro de sua bisavó Carlotta
Hitchcok sabia prender a atenção do espectador. Já falei aqui nesse blog que eu sou fã de boas histórias, principalmente se elas são bem contadas. É o que acontece neste Um corpo que cai (Vertigo). Apesar do sono que eu sentia quando fui assistir, não consegui abandonar o filme. Mais que isso, despertei. Fiquei curiosa, queria saber o que ia acontecer. Adoro filmes assim.
Uma pequena sinopse: o detetive John Ferguson (James Stewart) se aposenta por sofrer de acrofobia (começou quando seu amigo morreu por tentar salvá-lo de cair de um prédio enquanto perseguiam um bandido). Um amigo que não via há muitos anos o propõe então um trabalho: seguir sua esposa Madeleine (Kim Novak), pois ele acreditava que ela estava sendo possuída pelo espírito da bisavó dela, Carlotta (?!). Mesmo sendo cético, ele aceita o trabalho e percebe que a esposa de seu amigo realmente tem um comportamento muito estranho, inclusive com tendências suicidas. Ainda assim, ele se apaixona por ela. Mas a loucura dela só aumenta, o que a leva a cometer suicídio. Ele ainda tenta impedir, mas não consegue salvá-la por não conseguir superar seu medo de altura. Um ano se passa até que ele consiga voltar para uma vida normal, até que ele encontra uma mulher extremamente parecida com sua amada. Começa então a se relacionar com Judy, mas sempre pedindo que ela fique cada vez mais parecida com a falecida. Apaixonada, ela aceita. Mas ela guarda um segredo: sabe de toda a história - fora contratada para enganar o detetive e fazê-lo crer que a morte de Madeleine fora suicídio, e não assassinato.
Eu acredito muito nessa história de que o mundo dá voltas, e que tudo tem um motivo e uma razão de ser. Também acredito que o destino conspira para a verdade. Posso ser ingênua ou fatalista, e aqui é só um roteiro de um filme, mas gosto quando consigo trazer as experiências que vejo nos filmes para a vida fora da telona: identificar-se com personagens, ver semelhanças entre casos reais e histórias criadas para entreter (ou fazer pensar). Se acontece mesmo, então funciona bem no roteiro. Acredito que a verossimilhança é o que faz a gente se comover com a história.
E o filme é cheio dessas "realidades", das paranóias que todos temos, dos medos tão reais e ridículos, das crenças no sobrenatural, das coincidências inexplicáveis. Não foi à toa que seu antigo colega o contratou para que seguisse a sua mulher. Ele sabia de seu medo de altura, sabia que era só criar o contexto certo para que seu crime fosse encoberto perfeitamente. Só não contava com a paixão que surgiria entre a atriz contratada e o detetive, e que eles se encontrariam novamente. Muito menos que o detetive conseguiria superar seu medo e desvendar o mistério, afinal. E aposto que ninguém que assiste o filme pela primeira vez espera a cena final do filme. Ah, sim. Tem outro ditado muito comum que eu também acredito muito: "aqui se faz, aqui se paga".
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