Casablanca é daqueles filmes do qual você gosta mais cada vez que assiste. Da primeira vez que vi, fui pega de surpresa pela história e gostei do resultado. Mas revê-lo é muito mais prazeroso, é como reencontrar velhos conhecidos. Você já conhece os segredos e fraquezas dos personagens, sabe para onde a história caminha, e, mesmo que não seja o final que você gostaria de ver, acaba concordando que é melhor assim. Taí uma lição pra vida
É ousado dizer isso, mas acho que gosto de tudo em Casablanca. A história de dois amantes separados pelas circusntâncias da vida, que se reencontram quando já é tarde demais para retomar o passado já é motivo suficiente para nos envolver. Mas tudo isso é contado com uma classe que a gente só encontra mesmo nos clássicos. É impressão minha ou os filmes antigos tinham mais charme que todos os filmes atuais juntos? Juro que eu queria tomar um drinque no Rick's qualquer dia desses.
Humprey Bogart, que não é exatamente meu ideal de galã, é de uma personalidade incrível (mérito também do roteiro, que lhe reservou umas tiradas geniais). Ingrid Bergman, linda e poderosa toda vez que surge em cena, faz a gente até esquecer que sua personagem, Ilsa, partiu o coração do pobre Rick. E Dooley Wilson, o famoso Sam, dá um show à parte, tanto no piano quanto nas impagáveis expressões do tipo "Isso não vai dar certo...". Paul Henreid como Victor Lazlo convence tanto que me contagiou a cantar um trechinho da Marselhesa também. Aliás, é impressionante como Michael Curtiz conseguiu reunir um elenco de primeira até para os papéis mais secundários, todos irrepreensíveis.
Engraçado que, revendo o filme agora, me dei conta de uma coisa que não tinha reparado antes: a cidade no Marrocos, em plena Segunda Guerra, não dá nome ao filme por acaso. O lugar, longe de ser apenas pano de fundo para uma história de amor, é também um personagem importante: lá estavam centenas de pessoas que não têm nada além de esperanças de um futuro melhor. Embora seja só um local de passagem, é o início de uma viagem rumo ao desconhecido, com a promessa de que o que quer que esteja nos esperando vai ser melhor do que o temos agora, mesmo cientes de que a única coisa concreta que temos é o aqui e o agora. Um pouco como a vida, não? Taí outra lição de Casablanca.
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