Taí, gostei de Os excêntricos Tenembaums. Nunca tinha dado uma chance ao filme, e, confesso, não sabia muito bem por que ele constava da nossa lista de clássicos. Acho mesmo que não tem lugar para o longa de Wes Anderson na minha lista pessoal, mas tenho que reconhecer que ele tem lá seus bons momentos. Famílias desestruturadas são um tema recorrente no cinema americano, mas é bonitinho acompanhar um malandro irrecuperável (Gene Hackman, fantástico) querendo a todo custo remendar todas as falhas que causaram traumas na ex-mulher e nos filhos, nem que isso seja feito à custa de uma mentira deslavada, como um câncer terminal. Cruel, claro, mas tocar no assunto perda, tão presente na vida de cada um dos membros desta família, fez com que eles valorizassem o tempo que ainda tinham para ficarem juntos.
E o filme vai tratando, de forma leve, com um humor peculiar, quando cabível, assuntos delicados como o amor entre irmãos de criação e tentativa de suicídio. Sem falar que aqui não é Brothers and sisters, onde todos trocam ofensas horríveis numa discussão, e, num minuto depois, já estão celebrando a vida com um brinde, feito comercial de margarina. As feridas abertas pelo divórcio há mais de 20 anos, pelo vício nas drogas ou na recente perda da esposa continuam presentes no dia a dia de cada um. Nada se resolve num passe de mágica, mas num processo longo e doloroso. E, talvez, a cura nem seja definitiva.
A forma do filme conta muito: estruturado em capítulos, com o auxílio de vários recursos visuais, como as legendas, e a luxuosa narração de Alec Baldwin ajuda. Mas a escolha do elenco vale mais ainda, a começar pelas crianças da fase inicial. Não sou muito fã dos irmãos Wilson, mas não tem preço ver, quiçá, a única atuação decente de Gwyneth Paltrow em toda a sua carreira. Anjelica Huston, em muitos momentos, chega a ser uma coadjuvante de luxo, mas quem reclamaria? Sofrida e complacente na medida certa, ela comove como a centrada e devotada mãe de família. Ben Stiller, apesar de não estar em sua seara favorita, o humor escrachado, não compromete. Bill Murray, coitado, foi o único que recebeu um papel caricato em excesso.
Taí, gostei dos Tenembaums. Se eles são excêntricos, o que dizer do resto do mundo?
1 comentários:
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
Postar um comentário