Não poderíamos ter escolhido obras mais distintas para nosso mês dedicado a Chaplin. Depois de assistir à leveza melancólica e cheia de conteúdo do Vagabundo e da crítica vibrante de O Grande Ditador, descobrimos este belo e triste apagar das luzes.
Luzes da Ribalta mostra um encontro de gerações. Um comediante em fim de carreira, e uma dançarina iniciante se encontram em momentos cruciais de suas vidas. Ela assutada ao ponto de desistir e ele um bebado sem perspectiva. A convivência é benéfica para cada um deles em momentos alternados, dando à Terry (Clair Bloom), a dançarina, um futuro brilhante. E à Calvero (Charles Chaplin) a merecida homenagem e despedida dos palcos.
Sem o tradicional bigodinho e de cabelos brancos Chaplin só não está irreconhecível graças a sua inconfundível linguagem corporal. Seja cambaleante pela bebida, ou em números de palco seus gestos e expressões faciais roubam a cena, sempre transmitindo mais que as falas.
O mesmo não se pode dizer de sua co-estrela. Terry soa forçada e exagerada boa parte do tempo, Blom não possui em sua atuação a mesma graça que apresenta nas danças. O que dificulta a simpatia pela personagem, apresentada como frágil, tem um breve vislumbre de sucesso antes de se tornar uma tola teimosa. É difícil sentir algo diferente de pena da moça.
Já a narrativa é bastante episódica. O encontro, a convivência e a despedida, se fosse assim dividido, poderia ser apresentado como uma microssérie em 3 capítulos. Embora seja um pouco longo, e com alguns trechos "arrastados" (o último grande número poderia ter metade da duração), é difícil não se importar por Calvero, vibrar e se entristecer com seus altos e baixos. E, acima de tudo, torçer para que ele consiga os holofotes novamente.
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