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E que viagem!

Haku e Chihiro: ah, o amor...
A viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi em japonês, ou Spirited away, 2001) é um anime interessantíssimo. Orientais tem uma visão de mundo muito diferente da nossa, e a forma como eles costumam passar seus ensinamentos para as crianças me parece muito mais enfático e explícito mesmo sendo passado em forma de parábolas. Não tem medo de falar de monstros, de morte, de imagens fortes, personagens assustadores. Ao mesmo tempo em que assusta, ensina - e é um deslumbre visual. Assim como um sonho, em que não sabemos muito bem como chegamos lá, nem reparamos muito no sentido das coisas, vamos acreditando no que tá acontecendo, seguindo em frente, até o momento em que a gente acorda, se lembra de tudo o que sonhou e encontra o sentido de tudo. Quase como mágica.

Chihiro está de mudança para uma nova casa, e no meio do caminho seu pai se perde. A família vai parar em um lugar abandonado, parecendo um parque temático abandonado. Depois de sentir o cheiro irresistível da comida (mesmo não havendo ninguém ali para vender e/ou comprar), os pais de Chihiro encontram de onde vem o cheiro e não resistem à tentação: começam a comer tudo, sem parar. Então o mundo vira de cabeça para baixo: a pequena garota vê seus pais se transformarem em porcos bem na sua frente, um menino que não estava na ponte aparece do nada e diz que ela está em terrível perigo, fantasmas e outros espíritos e coisas estranhas começam a aparecer do nada no vilarejo que é o tal parque temático, o caminho por onde ela veio agora está inundado e impossível de chegar à outra margem. Sozinha, desamparada, assustada, a menina resolve aceitar a ajuda que lhe é oferecida: Haku, o menino misterioso da ponte, a explica o que está acontecendo (eles estão na passagem de um lugar de passagem, uma casa de banhos, para espíritos em trânsito) e que, se ela quiser salvar os pais, o único jeito é implorar por um trabalho por lá. Então começam os desafios: os espíritos não gostam dos humanos, pois ali não é lugar para eles. Como burlar então a lei e conseguir o emprego lá? E por quanto tempo ela teria que trabalhar até que pudesse resgatar seus pais e voltar para casa? Será que ela conseguiria encontrar a saída antes que eles fossem para o abate?

Haku (em forma de menino) protegendo Chihiro dos espíritos
Então começa a fantasia: uma bruxa descomunalmente velha, cabeçuda e feia rouba o nome da Chihiro e a transforma em Sen, uma serviçal qualquer sem lembrança de seu passado. Sua sorte é que ela conta com a ajuda de Haku que, misteriosamente, não se lembra do próprio nome, mas não esquece o de Chihiro. Ela conhece criaturas fantásticas, como Kamaji, uma espécie de homem-aranha (não, não é o Cabeça-de-Teia) multitarefas e suas simpáticas, prestativas, serelepes e um tanto dramáticas fuligens; Lin, a humana que já trabalha no lugar e que, primeiro, não parece ir muito com a cara da garota, mas que se torna sua amiga e protetora; um bebê gigante e manhoso pajeado por três cabeças pulantes (?!) e uma coruja velha (uma mistura de coruja e a velha que é a mãe dele)... Fora os próprios espíritos que circulam pela casa de banhos. Um deles em especial, afeiçoa-se de Chihiro. Sem-Face é seu nome, e ele é um espírito perigoso, mas parece não querer fazer mal à garota - uma vez que ela o ajudou, ele resolve ajudá-la também. 

Chihiro e Sem-Face: uma aliança incomum
Estranhas alianças se formam, como a de Chihiro e o espírito Sem-Face (que causa um estrago enorme quando não tem sua mais nova amiga por perto), a irmã gêmea do mal da bruxa malvada (epa!) e o dragão Haku (epa!?), sapos e espíritos a favor da Chihiro ir para casa, são e salva com seus pais. Não quero contar muito sobre o que acontece porque acredito que é uma experiência única ser fisgado por uma história que trata tão belamente de perseverança, pureza de alma e coração, amizade, consciência ambiental, prudência, lealdade, criação consciente dos filhos, perigos do excesso, etiqueta e boas maneiras, não julgar pelas aparências, fazer o bem sem olhar a quem, confiança, esperança... É muita coisa para ser absorvida ao mesmo tempo! Uma história por vezes assustadora, mas também divertida - como quando o Bebê mimado e assustador é transformado em um pequeno rato e é transportado pra lá e pra cá por uma minúscula ave preta (que mais parece um mosquito), mas que se diverte tanto experimentando o mundo pela primeira vez que dá até dó quando tem que voltar pra casa. As paisagens são tão lindas que parecem pinturas, e apesar de temas tão profundos, o filme é de uma leveza indescritível. Haku e Chihiro são um casal (prefiro chamar dupla, pra mim são duas crianças amigas pra lá da eternidade) fofo: corajosos e imprudentes à sua maneira, se ajudam e se complicam, se completam. E a metáfora mais fofa é uma já no fim do filme, mas que não estraga a surpresa eu contar agora. Chihiro recebe de presente um elástico pra prender seus cabelos, confeccionado por seus amigos, e isso era um amuleto para protegê-la contra o mal. Não é lindo?

Bebê transformado em ratinho: vivendo o grande momento de sua vida
 Se você procura por uma boa diversão e que venha recheada de emoção e lições para a vida toda, pode assistir ao filme despreocupado. E só se você tiver um coração de pedra para não se emocionar com essa história. Mas não se preocupe, o que você tem não é grave: nada que um bolinho dado por um Espírito do Rio não dê jeito...

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