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Quem disse que era só lenda?

Cuidado com a cabeça!
Eu gosto muito desse filme, apesar de não ser um dos favoritos de muitos fãs da dupla Depp-Burton. Talvez por este ser um projeto um tanto diferente, tanto do diretor quanto do ator. A lenda do cavaleiro sem cabeça (Sleepy Hollow, 1999) é um filme estranho: tem uma boa dose de misticismo e humor no protagonista - que, aliás, penso que isso é o que mais irrita a galera. Baseado em um conto de 1820 do escritor americano Washington Irving, "The legend of Sleepy Hollow", toda a aura do filme é muito característica de um conto de terror genuíno, e a direção e a produção de arte fazem a gente sentir a diferença entre se contar uma história que só retrata um passado e uma perfeita recriação de ambientação.

Um investigador novato e metido a criador, Ichabod Crane (Johnny Depp, talvez inspirado num inspetor Clouseau), é enviado para o distrito de Sleepy Hollow para investigar dois assassinatos. Não que ele fosse um cara, assim, indicado para o caso. Era só para ele deixar de encher o saco mesmo - com suas ideias revolucionárias e suas traquitanas científicas, ele queria acabar com a tortura aos acusados de crimes. Imagina, que absurdo! Cansados de seus protestos, os senhores da lei se viram matando dois coelhos com uma só cajadada: se livravam do maluco e ainda calavam a boca daquele povinho do interior que só sabiam reclamar que eles não ajudavam. Ichabod acabou indo, talvez nem tão empolgado assim, mas achava que poderia provar para aquelas mentes atrasadas que ele estava certo ao querer trocar os métodos de investigação de crimes. O que ninguém contou para ele era quem era o grande suspeito de tais crimes.

Lá chegando, Crane foi levado aos anciões da cidade e ouviu a suspeita de todos recaírem sobre o Cavaleiro Sem Cabeça. Segundo eles, o homem que estava aterrorizando a pequena cidade era o Cavaleiro Hesseno (Christopher Walken, que, um dia, ainda vai fazer o mocinho - eu tenho fé), um homem cruel que tinha gosto pelo massacre e que havia sido morto há muitos anos perto dali. Agora, ele havia ressurgido do inferno para aterrorizar a cidade mais uma vez. Sem acreditar em lendas (mas tremendo ligeiramente quando recebe essa notícia), Ichabod promete achar quem é o assassino de carne e osso por trás da lenda. 

Será que dá pra confiar nesse cara?
Contando com ajudas inesperadas, como o sussurro do magistrado Philipse (Richard Griffiths, também conhecido como Tio Válter) e do filho de um capataz recém-assassinado pelo Cavaleiro, Ichabod começa a desvendar a trama: depois de "dois corpos e três mortos", houve o exame dos cadáveres e se constatou que a mulher assassinada estava grávida. Aos poucos as ligações começaram a ser feitas, mas novos crimes aconteciam e a culpa sempre recaía sobre a assombração. Ichabod estava realmente tentado a buscar o assassino, mas encontrar o próprio Cavaleiro em ação foi demais para o pobre homem. Como ele poderia usar a ciência para comprovar os assassinatos se eles estavam realmente sendo cometidos por uma força sobrenatural? Apesar do medo que sentiu, Ichabod tinha bons motivos para ficar e resolver os crimes. Um deles era a jovem Katrina Van Tessel (Christina Ricci, a eterna Wandinha Adams), filha do ancião Van Tessel (Michael Gambon, que mais tarde se tornaria o nosso querido Dumbledore), era capaz de acalmar os nervos abalados do rapaz com apenas um sorriso. Uma pena que ela e sua família estivessem tão envolvidos com os crimes.

No fim das contas, todo mundo estava certo. O Cavaleiro realmente estava saindo do inferno e matando as pessoas, mas Ichabod descobriu que ele só fazia isso a mando da senhora Van Tassel (Miranda Richardson), que a gente descobre ser uma bruxa do mal - e que tinha uma irmã gêmea na floresta, que ela mesma matou. Ela havia roubado a cabeça do Cavaleiro e feito as bruxarias para invocá-lo e matar as pessoas que ela queria, oferecendo-lhe a cabeça do coitado em troca da que lhe tinha tirado. E tudo por que? Dinheiro, claro. Então, com os assassinatos resolvidos e Katrina inocentada, ele pôde voltar com ela  e seu ajudante para a cidade. 

Ichabod (Depp) e seus brinquedinhos ilusionistas: relembrando o passado
Como eu disse lá no começo, a história é bem impressionante. Pode até parecer meio batida - ou até previsível (não detalhei muitas coisas que acontecem aqui, mas foi de propósito), mas o fato é que se agente pensar em que tempo esse conto foi escrito, a proposta é no mínimo interessante. Se vivêssemos à época, provavelmente morreríamos de medo pois mexia diretamente com o cotidiano e as crenças locais. Burton talvez tenha dado um toque sangrento a mais na história (e fez homenagens a Christopher Lee e Christopher Walken, dois dos atores que mais admira - talvez por serem, digamos, assustadores) e também um toque de humor, mas o espírito sombrio essencial estava lá - talvez até mais valorizado pela sinistramente linda fotografia que os trabalhos do diretor. A forma como ele relata a história no presente e intercala as narrativas do passado de Ichabod e como o investigador atrapalhado explica as mortes é bem bacana, embora revendo hoje em dia os efeitos especiais tenham deixado muito a desejar - especialmente na cena da bruxa na floresta. Não diria que é o melhor trabalho da dupla, nem que o filme é um daqueles obrigatórios, mas é interessante ver como um conto de terror genuíno ganha vida na tela pelas mãos de um admirador do gênero.

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