Acabaram os flashbacks, e a extremamente longa caminhada, é hora de matar o dragão e lutar com o que parece ser toda a Terra Média pela montanha cheia de riquezas que ele deixou. É executando a primeira tarefa, antes mesmo dos créditos iniciais, que embarcamos em A Batalha dos Cinco Exércitos.
É simples, assim sem preparação ou ambientação prévia, jogando o expectador literalmente no fogo que o episódio final da trilogia O Hobbit tem início. Enquanto tentamos relembrar onde cada um estava ao final do segundo filme, durante o ataque de Smaug (voz de Benedict Cumberbatch), é impossível não notar: esta sequencia deveria encerrar A Desolação de Smaug. Até o título sugeria isto.
Tudo bem, afinal o que realmente importa é a tal batalha dos cinco exércitos. Os anões que querem manter sua montanha (e a riqueza que vem junto), elfos e homens que acreditam terem direito à parte do ouro. Orcs e Wargs, que não precisam de motivos para causar guerra, mas também tem os seus. No meio de tudo isso Gandalf (Ian McKellen) e Bilbo (Martin Freeman) tentam inutilmente manter a paz.
Ao mesmo tempo, outros arcos apresentados, oriundos dos apêndices e outras obras de Tolkien, ou mesmo inventados precisam ser encerrados. Inclua aqui, a jornada de Gandalf e Radagast (Sylvester McCoy, o 7º Doctor). A doença do ouro que ameaça Thorin (Richard Armitage). A misssão de Bard (Luke Evans). O drama de Tauriel (Evangeline Lily) e Legolas (Orlando Bloom) criado especialmente para suprir a falta de personagens femininas das obras de Tolkien. E até Alfrid (Ryan Gage - não lembra dele, nem eu), o puxa saco da cidade ganha destaque.
Tudo isso para justificar a jornada de nove horas na adaptação de um livro de 300 páginas. Curiosamente mesmo com tanto tempo, é difícil descobrir mais sobre personagens coadjuvantes. Desafio qualquer não leitor, a dizer o nome de todos os anões*.
Técnica e visualmente, o filme é quase impecável, especialmente em termos de escala. Tudo é grandioso e deslumbrante, de Smaug ao campo de batalha. Os únicos escorregões fica por conta da maquiagem digital usada para rejuvenescer o elenco da trilogia original. Especialmente o elfo Legolas, que apresenta uma aparência plastificada. Ao menos na projeção em 4k** e 3D, não sei se a definição dos outros formatos deixará o problema menos evidente.
A alta definição também torna evidente o aumento do CGI em detrimento dos efeitos práticos. Os Orcs criados com pesada maquiagem em O Senhor dos Anéis, parecem muito mais realistas que os criados por captura de movimentos para este filme.
É difícil evitar comparações com a trilogia original, logo nem vou tentar, mesmo porque muitos tratarão os filmes como uma hexalogia. Finalmente observando a história como um todo fica evidente: O Hobbit é o completamente oposto à O Senhor dos Anéis.
Enquanto a primeira saga teve seu "enxugado", e uma enorme quantidade de finais, que chegou a ser criticada. As aventuras de Bilbo ganharam conteúdo, personagens e tramas novos, mas não finaliza praticamente nenhuma dos arcos além do de Bilbo (que não termina de fato, apenas entra em "pausa" até sua aparição em A Sociedade do Anel). Do final da batalha, ao destino da cobiçada pedra Arken, tudo fica meio em aberto. Mas, não tenha dúvidas estas cenas estarão na versão estendida, na qual Peter Jackson já está trabalhando.
Ainda assim, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é melhor que seus antecessores, e alcança seus dois objetivos principais (na opinião desta blogueira que vos escreve): entreter o público comum, e proporcionar uma última jornada nas Terra Média para os aficionados em Tolkien. Além de trazer alguns bons novos personagens, para entrar na galeria de favoritos da franquia, como Smaug, Thorin e a versão jovem de Bilbo.
Assim como em 2003, é divertido e melancólico assistir ao final desta trilogia, e se despedir novamente (desta vez por um longo tempo, já que eles não tem os direitos das outras obras de Tolkien) da Terra Média. Entretanto se teremos vontade de assistir novamente "de vem em sempre" como O Senhor dos Anéis, só o tempo dirá.
*Post originalmente publicado no blog Ah! E por falar nisso..., em 10/12/2014
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