O filme começa como se você já soubesse do que está acontecendo, ou seja, se você não viu a primeira parte vai boiar completamente. Um ligeiro flashback mostra como Gandalf (Sir Ian Mckellen, nem vou elogiar porque já tá chato) encontra Thorin (Richard Armitage) em Bree e eles acabam desenhando o plano de ação para voltar para Erebor. Daí, vamos direto para a aflição da companhia, cercada por tropas orc numa caçada que eles sabem que não teriam chance de escapar. Mas Gandalf tem seus truques e suas amizades incomuns, e consegue levar os anões em (certa) segurança até a casa de Beorn (Mikael Persbrandt), um troca-peles. Não fica muito bem explicada a participação dele na estória, a não ser por dar uma noite de sono tranquila à companhia e deixar que eles fossem a cavalo até a entrada da Floresta das Trevas, o que é uma pena pois acho que deveria ter uma estória bem interessante sobre o último representante da espécie. Na entrada da floresta, Gandalf se separa do grupo novamente - desta vez ele vai descobrir, de uma vez por todas, qual mal se esconde em Dol Guldur, a fortaleza de onde o mal se espalha. Enquanto isso, os anões precisam seguir adiante, pois o prazo deles é cada vez mais curto. Mesmo a contragosto de Thorin, eles usam novamente um caminho élfico, e a floresta parece ser ainda mais perigosa do que eles imaginavam.
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Gandalf (McKellen) e Radagast (McCoy) descobrem que um mal muito maior havia sido despertado |
Gandalf separa-se da Companhia na entrada da floresta e vai perseguir o rastro do que ele estava desconfiando: Sauron estava retomando o seu antigo poder, e ele precisava fazer alguma coisa a respeito. Deixou que os anões seguissem seu caminho e foi atrás de respostas, prometendo encontrá-los antes de que tomassem sua amada cidade. Entrando na floresta, o ar viciado e a sombra maligna crescente os fazem ter alucinações. Mas as aranhas gigantes que estão lá - as mesmas que atacaram Radagast (Sylvester McCoy) no primeiro longa - não são mera imaginação. Elas são reais, e capturam os treze anões. Bilbo (Martin Freeman) consegue se safar usando o poder do Um Anel, escondendo-se nas sombras, e usando a espada mágica contra as aranhas.
Ferroada é batizada ali, enquanto ele mata as terríveis criaturas e tenta libertar seus amigos. Mas o número de aranhas é muito grande, e eles estão desarmados. Somente a bravura e uma espada não seriam capazes de dar conta. É nessa hora que surge um grupo de elfos guerreiros, que já vinham à caça das monstras. Eles salvam o grupo, mas os levam reféns até a presença do rei Thranduil (Lee Pace, um tom acima do necessário). Os anões estão numa enrascada, dependendo da racionalidade de Thorin e Thranduil em conseguirem entrar em um acordo. Como nenhum dos dois cede em favor de uma trégua, todos eles estariam condenados a ficar nas masmorras. Mas havia duas boas razões para acreditar que eles conseguiriam se safar desta (e não era porque havia ainda um terceiro filme a estrear).
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Thranduil (Pace) e os elfos da Floresta das Trevas: impressão minha ou não fizeram muita diferença? |
Tauriel (Evaneline Lily, que saiu de
Lost para a Terra Média) é a elfa capitã da guarda que capturou os anões. Fica óbvio que o sobrinho mais novo de Thorin, Kili (Aidan Turner) se apaixonou por ela instantaneamente (o que me lembrou de Gimli e Galadriel na primeira trilogia - Peter Jackson espalhando
easter eggs pela Terra Média, tô vendo!) e, apesar de ela ser insinuada como a dona do coração de Legolas (Orlando Bloom, de volta às longas madeixas loiras), também fica claro que ela ficou abalada com o anão-galã. Com os anões encarcerados, e ela sendo responsável por vigiá-los, era só esperar mais um pouco para que ela os ajudasse. Mas além disso, o que ninguém havia notado era a ausência de Bilbo - e esse era o outro motivo para acreditar que eles conseguiriam fugir. Ele ainda estava escondido nas sombras, usando o Um Anel, e conseguiu, assim, roubar as chaves da carceragem e libertar os anões. É aí que começa a sequencia mais videogame do filme. Os anões conseguem escapar do palácio élfico dentro de barris, boiando pela correnteza do rio. Em seu encalço, elfos e orcs - que armaram uma emboscada para eles - numa mini batalha espetacular, para fazer jus ao dinheiro gasto com efeitos especiais. Com os elfos ajudando a acabar com os orcs, Bilbo, Thorin e o restante da companhia conseguem chegar à foz do rio em segurança. Legolas e Tauriel levam um dos orcs para ser interrogado no palácio, e lá Thranduil consegue descobrir que Sauron estava para retornar. Ele planeja esconder-se e proteger suas terras, mas Tauriel foge para tentar resgatar Kili. Ferido, ela temia que ele morresse antes de chegarem a Dale, a cidade do lago. O que ninguém esperava era que os anões fossem ter uma ajudinha extra.
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Bard (Evans) e os anões: a profecia estava prestes a se cumprir |
Bard (Luke Evans) é um barqueiro mercador, e negocia com Balin uma forma de transportar todos aqueles homens para dentro da cidade sem que fossem descobertos. Apesar da desconfiança de todos, ele cumpre o que promete. E descobre que está abrigando aquele cujas histórias estavam profetizando: Thorin voltaria para reinar em Erebor, mas ele temia que o dragão fosse acordado e que todos da cidade fossem mortos por sua fúria. Quando a notícia se espalha, de que os anões de Erebor estão voltando, até mesmo o nojento prefeito da cidade se põe a favor deles. Arrumam-lhes armas e um barco que os levará até terra firme, e de lá eles poderão chegar em tempo de descobrir onde fica a porta escondida. Kili está muito mal e não pode seguir com seus amigos, e alguns outros anões ficam para tomar conta dele. Enquanto os outros avançam, orcs cercam toda a cidade atrás de Thorin, mas Tauriel e Legolas - que decidiu segui-la - acabam por salvar o grupo. Na montanha, Bilbo encontra uma escada, uma passagem escondida, e leva os anões até um local onde deveria haver uma porta. Mas mesmo sob a luz poente, não havia nada lá. O desespero toma conta do grupo, que acredita ter perdido a chance até que a porta se revela para Bilbo. O grupo entra, e agora começa a parte mais esperada por todos: lá dentro, em meio aos tesouros quase infinitos espalhados nos salões da cidade sob a montanha, está Smaug (voz de Benedict Cumberbatch, e teria outra escolha para dar voz a ele?). Bilbo recebe de Thorin a missão de encontrar a Pedra Arken, a joia mágica, o coração da montanha. Ele deveria encontrar a pedra e não acordar o dragão. Talvez fosse possível, não fosse o tamanho desmedido do tesouro.
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Bilbo (Freeman) e o desafio de encontrar a Pedra Arken no meio desse tesouro |
Esse é o momento que vale esperar o filme inteiro. Bilbo, um diminuto hobbit, tem que enfrentar Smaug, o maior e mais terrível dragão existente. A sequencia é perfeita, com doses certas de adrenalina e humor, ação e emoção. No final, até os anões entram na briga - e rola outra sequencia de ação digna de videogame, acho que o pessoal dos estúdios tava projetando um novo sucesso de vendas... - e Smaug rouba a cena. Um dragão vaidoso e arrogante, enorme e poderoso, que encara qualquer ameaça como se fosse uma mosca chata enchendo o saco. Smaug é perverso, é mau, mas a gente fica apaixonado por ele. Cada segundo dele na tela vale a pena, e é de se pensar que uma força da natureza (mágica) como aquela é impossível de ser parada. E é a frase de Bilbo que dá nome a esta resenha, a última frase do filme, na cena mais tensa que poderia acontecer, que resume o sentimento de quem está sentado na poltrona (ou no sofá): o que foi que eles fizeram? Como vão se livrar dessa agora? O final é brilhante, e o gancho para o terceiro filme é empolgante. Nos resta esperar ansiosamente a continuação da saga.
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Thorin (Armitage) e Smaug (Cumberbatch): o embate mais esperado do dia |
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