É verdade hoje, já era verdade nos anos de 1980. Não tá fácil para ninguém! A concorrência para encontrar trabalho é enorme especialmente no show business. Como a dificuldade se não fosse o suficiente, apesar de ser muito bom Michael Dorsey (Dustin Hoffman), é perfeccionista e difícil de lidar. Quando até seu agente desiste dele, o ator se desespera.
Tempos desesperados exigem medidas desesperadas, e as de Michael foi se candidatar à um papel para o qual sua amiga Sandy (Teri Garr) foi rejeitada. Isso mesmo, um papel feminino em uma novela vespertina. Nasce então, Dorothy Michaels! Mais "durona" e sem estar presa nas "regras da sociedade" dos anos de 1980, e com cara de pau para mudar o roteiro sem aviso, a nova atriz é um sucesso de audiência.
Ok, convenhamos, como especialistas em novelas que todos brasileiros somos, podemos dizer: não precisa ser um gênio para melhorar a qualidade narrativa do programa. Os diretores e escaladores de elenco de NY daqueles tempos também não eram muito bons em seus trabalhos. Os primeiros usam a fórmula pronta, de preferência que faça dinheiro fácil. Os segundos parecem que querem achar o elenco de estalo, já que dispensam profissionais sem nem mesmo uma audição. O elenco por sua vez, logo descobre que não há muito com que trabalhar, e entra no modo automático, ou pior.
Dorothy não melhora a porca produção de telenovelas, mas dá uma melhorada no quadro geral. Ao mesmo tempo que tenta lidar com a vida de mulher (leia-se, depilação, maquiagem, unhas, os enormes cabelos dos anos 80), o assédio masculino, uma quase namorada e ainda se apaixona por uma de suas colegas atrizes. Ufa, não é atoa personagem principal e expectadores ficam aliviados quando a figura de Bill Murray em ponta de luxo, surge na tela. Único que sabe da armação, é com Jeff que o personagem faz uma pausa para pensar na loucura que está fazendo.
Mesmo assim, é claro, que Dorsey não desiste até a situação ficar insustentável. Mas se engana quem acha que durante o trajeto assistimos à trapalhadas como os de produções com "travestidos" atuais. Longe de ser uma comédia escrachada, Tootsie, é uma comédia romântica com um ritmo próprio. E até se dá ao luxo ao discutir não apenas relacionamentos mas as diferentes posturas que a sociedade exige (ou exigia) de cada um dos gêneros nos anos 80.
Nada no entanto funcionaria se você expectador não acreditasse que Dorothy poderia ser real. Resultado obtido pelo bom trabalho caraterização e maquiagem. E o excelente desempenho de Hoffman ao trabalhar os trejeitos e inflexões vocais de sua atriz principal.
Divertido, inteligente e simples! Tootsie merecia tão conhecido do grande público quanto, Dorothy Michaels! Infelizmente, parece que a produção já fora esquecida pelos canais de TV e streaming. Uma pena!
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