Uau! Faz dez anos? Ainda lembro de ter assistido A pedra filosofal nos cinemas, antes de conhecer os livros e ter noção da pottermania que se instalara pelo mundo. Sério! Estranhei a afobação para entrar na sala. Lembro de não entender, mas enlouquecer com quadribol. De querer loucamente jogar xadrez de bruxo gigante (até hoje um de meus cenários favoritos). De ficar com a música-tema de John Williams na cabeça por uma semana. E buscar imediatamente os livros. Não queria, precisava saber mais daquele admirável mundo novo.
Mas esse blog não é sobre antigas sensações. É sobre como vemos esses filmes agora certo? Dez anos mais tarde, em meu sofá...
Harry ainda é um ófão que vive no armário debaixo da escada de seus nada adoráveis tios. Como num passe de mágica, ao completar 11 anos, descobre que pertence a outro mundo, onde a magia existe e os trouxas não fazem ideia disso. O garoto descobre que é importante nesse universso e por quê. Vai à escola, faz amigos e desvenda um plano que poderia trazer de volta o maior burxo das trevas de todos os tempos, que de tão malvado nem deve ser nomeado (é claro que a história não mudou, né!).
Apenas a história, já que agora sabemos o desfecho grandioso em que essa aparente "historinha de criança" vai resultar. E, assim que sabemos disso, começamos a buscar "pistas do futuro" por todo lado. Junto com as lições sobre amizade, a aventura, e fazer a coisa certa, essa é a parte divertida.
Alguns efeitos, especialmente o trasgo, já parecem falsos (será que acontecerá com Golum? Medo.). Entretanto, ainda funcionam, se você aceitar a única regra para curtir uma fantasia aventuresca: tudo é possível. Embora até hoje eu não tenha certeza do quão reais são os jogadores de quadribol da Sonserina. Alguns parecem personagens de videogame, na goleira é difícil não notar.
O roteiro repete os diálogos do livro palavra a palavra. O responsável pela legenda poderia simplesmente escanear as páginas. Um problema em trechos editados, como o encontro com o centauro, que termina com o "aqui é onde o deixo". No mesmo lugar onde encontrou? Afinal o passeio dos dois pela floresta virou uma conversa parada. Essa obrigação com a fidelidade fica prejudicial quando ela impede a história de se renovar, para fluir livremente. A mudança de tempo é brusca, e os acontecimentos são episódicos.
Columbus pode até não ser um diretor criativo, mas tem seus méritos. Introduziu de forma acessível, divertida, e até detalhista (mérito para a direção de arte impecável) um universo rico e conhecido por seus fãs "nos míiinimos detalhes". Tarefa complicada, especialmente sob o olhar atento da autora, que opinou neste mais que em qualquer outro. Fidelidade é a palavra de ordem! Está quase tudo lá do jeitinho que imaginamos. Eu disse quase tudo, afinal se fosse tão completo assim, seria uma novela não um filme (Humm, novela? Quem sabe a galera que faz Cordel encantado, pura fantasia televisiva, não topa?).
Também é mérito do diretor conseguir interpretações tão naturais e confiantes de crianças. Apesar do peso de carregar um filme das costas aos 11 anos. E por falar no elenco...os até então desconhecidos Radcliffe, Grint, Watson e Felton pareciam ter saltado das páginas para as telas. E como é agradável assitir a respeitados atores britânicos mergulhando de cabeça na magia daquele universo. Em papéis secundários, usando as vestes estranhas, as perucas e acessórios a seu favor, sem nunca passar por ridículo ou inverossímil. Como não acreditar que são habilidosos mestres das artes mágicas?
Colocando os prós e contras na balança, o longa ainda funciona muito bem. Em parte, pelo esmero da produção que entrega um bom filme. Visualmente perfeito, com boas atuações, apesar do roteiro um pouco "engessado". Em parte, pela clima nostálgico que a franquia carrega.
Nostalgia vinda da aventura ao lado dos amigos, que remetem aos velhos tempos, onde sonhávamos em ser um dos Goonies e encontrar um grande tesouro. Ou por percebermos que, dez anos mais tarde, ainda é uma história que diverte. E apesar de tanto tempo, e continuações depois, ainda adoramos a ponto de lembrar de nossa primeira viagem a Hogwarts.
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