Voltei a assistir ao filme A Princesa e o Robô da melhor forma possível, na companhia de uma menina de quatro anos. O primeiro grande impasse? Logo após a exposição do grande conflito da trama, "encontrar um coração", ela jogou a real:
- Mas o Robozinho já tem um coração!
- Isso é só um desenho na camiseta - expliquei.
- Não! Quando aquela estrela caiu nele, ele ganhou um coração.
Precisa dizer mais? Quase 30 anos depois e o filme ainda cumpre seu propósito, divertir os pequenos. E olha que a cópia que consegui parecia reproduzida de um VHS com o som para lá de estourado.
Na trama, Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Anjinho, Franjinha e Bidu, ajudam um Robozinho apaixonado a conseguir um coração e assim conquistar o direito de casar com sua amada princesa. É claro que ela tem um outro pretendente. Lorde Coelhão tem a ambição proporcionalmente inversa ao seu tamanho, e ele é muito baixinho.
Mencionei que tudo isso acontece em outro planeta? Cenourano tem forma de cenoura (dã!), desde a forma do planeta até o formato das construções, seus afrescos e adornos. Uma terra com ares medievais e tecnologia de uma nação em que a "era espacial" não é novidade ha tempos.
A trama é extremamente simples. E, sim, há falhas, como roupas que se materializam do nada, fotos que somem e reaparece. Além de, volta e meia, dar a impressão de que esqueceram de desenhar a Magali (em 1983, a comilona não era tão popular, ainda não tinha gibi próprio, vai ver é isso). E o fato de as duas naves, do vilão e da turminha, serem da mesma cor. Minha sobrinha não conseguia distinguir uma da outra. Mas também há pérolas que o "politicamente correto" não permite mais. A Mônica super-agressiva, um robozinho suicida, e a turminha dando uma de egoísta e se recusando a ajudar.
Não posso deixar de mencionar o ar nonsense e inocente daquele universo, onde mães não sentem faltas de seus filhos. Enquanto as crianças viajam pelo universo em uma nave em forma de coelho construída em um quintal, e com várias peças em madeira (sempre quis uma nuvem pintora!)!
Entretanto, o mais curioso é perceber que a obra faz referência a quase tudo que adoro hoje em dia. Reinos medievais, galáxias distantes, viagens inter-estelares. A busca de um coração como em O Mágico de Oz. A torcida repetitiva de Speed Racer. O vilão com visual de Darth Vader. E o visual pescoçudo do protagonista, que lembra o ET. Isso sem falar do fato de A Princesa e o Robô ser a primeira referência que me vem a mente ao assistir Wall-E. Será que a Pixar tinha uma cópia em VHS?
Difícil não pensar: será essa uma ótima obra de iniciação à nerdice? Comigo funcionou, e muito! Me pergunte os interesses de minha sobrinha daqui a uns 20 anos. E talvez tenhamos certeza!
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