O Caçador e a Rainha do Gelo (The Huntsman: Winter's War, 2016) é uma sequência-prólogo de Branca de Neve e o Caçador, que foi lançado em 2012 e tinha a crepuscular Kristen Stewart no papel principal. Charlize Theron fez a madrasta má, chamada Ravenna, e o público gostou tanto dela que, ao que parece, os produtores acharam que seria uma boa ideia fazer um novo filme com ela. Daí nasceu essa sequência. Se você não viu o primeiro filme, saiba que vou precisar dar dois spoilers aqui, afim de explicar a gênese desse longa. Durante o resgate de Branca de Neve, o Caçador (Chris "Thor" Hemsworth) comenta sobre sua esposa falecida, e ao fim, a Ravenna morre - e todos são felizes para sempre. Ok, mas o que isso tem a ver com esse novo longa? Digamos que a Rainha Má guarda rancor.
Freya (Blunt) e Ravenna (Theron): as rainhas más |
Desde nova, Ravenna era muito bela e poderosa. Sua irmã mais nova, Freya (Emily Blunt, linda de morrer) ainda não despertou a mágica que corria em seu sangue, mas ela já haiva descoberto o amor - que deixou a invejosa irmã com muita raiva. Ravenna tenta persuadir a irmã sobre a ilusão do amor, mas esta não desiste do seu sentimento mesmo sabendo que seu amado estava prometido à outra. Freya já estava grávida, e resolve ter o bebê mesmo contra todo o bom senso. Mas um terrível incêndio acaba por tirar a vida de sua amada filha ainda no berço. Desespedaçada de dor, raiva e desespero, a princesa descobre seu poder: seu coração gelado transforma qualquer coisa em gelo.
Sara (Chastain): ela nunca erra |
Precisando se isolar, Freya resolve partir para o norte e no caminho destrói vilas e sequestra crianças. Ela os tem como filhos, mas sua única regra é que eles não podem amar. Cria, assim, um exército de Caçadores - homens e mulheres treinados desde a infância para a guerra sem as distrações que o amor causa. Sob a vigilância constante da rainha, alguns conseguem driblar suas rígidas regras. É o caso de Eric (Hemsworth) e sua esposa Sara (Jessica Chastain), que desde crianças se mostravam ser os melhores com o machado e o arco e flecha. Assim que foram descobertos, foram obrigados a lutar pelo seu amor - e isso significava ter que lutar contra um exército de amigos, tão bem treinados quanto eles. Talvez eles tivessem conseguido, se a própria Rainha do Gelo não tivesse intervisto.
Os caçadores e os anões tem que enfrentar goblins na floresta para recuperar o Espelho Mágico |
Então foi assim que o Caçador foi parar na outra estória, a que tinha a Branca de Neve, e foi assim que os caminhos dele e de Ravenna se cruzaram - o que nos leva à verdadeira estória desse longa: Príncipe William (Sam Claffin, também conhecido como Finnick Odair da saga Jogos Vorazes) vem pedir ajuda ao caçador pois o Espelho sumiu do quarto de Branca de Neve. Ela temia que ele voltasse a fazer algum mal, já que ela própria estava sofrendo com as influências negativas dele. A missão para o caçador era encontrar o Espelho e o levar para o Santuário, o único lugar onde ele não teria poder de fazer mal a ninguém.
Freya (Blunt) espionando seus filhos: nada pode escapar a seus olhos |
Porém, o que ninguém esperava era encontrar uma antiga espiã mágica da Rainha do Gelo. Temendo o que ela faria agora que sabia do Espelho, uma fonte de poder mágico, e de seu desaparecimento, era urgente que ele o encontrasse antes. Com a ajuda de dois anões - um já velho conhecido seu, pois o ajudara no resgate de Branca de Neve, e outro que só estava ali para ganhar uns trocados a mais pela recompensa - ele parte em busca do rastro do espelho. No caminho, reencontra Sara e descobre que ambos foram enganados pela rainha. Logo ele parte para reconquistar o amor dela, mas ela parece imune às tentivas dele. Capturados por duas anãs, também em busca de recompensas em ouro, logo o grupo está formado e eles terão que enfrentar coisas mais terríveis que apenas goblins para conseguir por as mãos no Espelho.
Freya e o Espelho: efeitos visuais lindíssimos |
Os furos no roteiro são grandes - a começar pelo fato de Ravenna ter tido um irmão gêmeo no outro filme, que lhe seguia para tudo quanto era lado, e aqui ele sequer é mencionado, além de algumas coisas bastante incongruentes (como cortar uma ponte de corda no meio da floresta para fugir de um ataque de goblins que agiam como macacos e podiam facilmente atacar pulando sobre as árvores). Há um excesso de referências mal ajambradas, e cada coisa que aparece parece ter saído de algum outro lugar: as esculturas de gelo no pátio da Rainha de Gelo lembram as estátuas da outra Rainha de Gelo, a de Nárnia, e a coleção de desafetos da Bruxa do Mar de A pequena sereia; o próprio castelo é uma mistura de Hogwarts, Arendelle e o castelo da Cinderela; o banho quente do caçador e sua esposa lembra Jon e Igritte na caverna pra lá da Muralha; Freya parece muito uma versão má de Elsa de Frozen - Uma aventura congelante; há uma passagem onde o Caçador e os anões parecem entrar em uma estalagem de Bri... Posso ficar um dia inteiro aqui nessa brincadeira.
Srta. Bromwyn (Smith): melhor pessoa |
Obviamente o público alvo desse conto de fadas macarrônico são as crianças, que devem se divertir com os anões - a melhor de todas é, de longe, a mercenária Senhorita Bromwyn (Sheridan Smith) e tem duas rainhas más a mais para temer. Figurino (especialmente os das duas rainhas), maquiagem e produção de arte estão impecáveis, e os efeitos visuais também são muito bons. Fora Hemsworth, que parece se divertir com seu personagem, os outros atores estão apenas na média: Blunt e Theron fazem caras e bocas para parecerem más, mas eu nem posso culpar as duas - culpo a direção, que como muitas outras produções, insiste em colocar atrizes talentosas usando de trejeitos e carões exagerados para "meter medo". Resultado: uma pipoca gostosa, mas nada mais que isso. Se bem que o fim deixa um cheiro de trilogia no ar...
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