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A lenda de Tarzan

A lenda de Tarzan (The legend of Tarzan, 2016) é um filme fraco. A empolgação pelos efeitos visuais e pela história pós-descoberta do Rei da Selva morre na praia depois de tentar se salvar em nomes de peso no elenco. Além das jovens promessas Margot Robbie, que interpreta Jane, e de Alexander Skasgaard, o próprio Tarzan, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz, Djimon Housoun e Jim Broadbent engrossam a lista dos atores que participam do longa - mas que, infelizmente, não impedem que o barco afunde.

A estória começa com um grupo de estrangeiros liderados pelo capitão Rom (Waltz), um enviado do rei belga, invadindo o coração da África atrás de diamantes raros. Eles já contavamm com a presença da perigosa tribo que protegia o lugar, mas ninguém esperava o que viria a seguir. O chefe da tribo, Mbonga (Housoun), faz um acordo com Rom: o deixaria explorar a região atrás de diamantes se ele lhe trouxesse seu maior inimigo: Tarzan (Skarsgaard). Na Inglaterra, o jovem John Clayton III, conhecido como lorde Greystone (o nome verdadeiro de Tarzan), recebe propostas de voltar ao Congo para promover um acordoe paz: as circunstâncias envolviam a exploração de terras africanas por um rei praticamente falido e boatos de escravidão, além de uma tentativa política obtenção do monopólio de extração de diamantes no Congo ao custo de um genocídio em massa.

Relutante, pois agora já estava há quase dez anos longe da floresta - e porque estava finalmente cumprindo o sonho de seu pai, de voltar ao seu lar - e se habituava com os novos costumes e confortos de uma vida civilizada (e rica), Tarzan acaba convencido a intervir na questão pelo aconselhamento de George Washington Williams (Jackson), um político americano amigo de Tarzan disposto a impedir que o tal rei seja bem sucedido na empreitada.

Quem fica empolgada com a volta à África é Jane Porter(Robbie), agora casada com John/Tarzan. Ela fica feliz pela oportunidade de se reencontrar com suas raízes e seus amigos - afinal fora criada também na selva africana, mesmo que em condições bem mais favoráveis que o próprio marido. Assim, eles voltam para o Congo e se reencontram com a antiga tribo onde Jane fora criada e ajudava o pai a ensinar inglês para os nativos. Por alguns momentos, tudo parecia dar certo.

Logo que a notícia de que Tarzan estava a caminho do Congo, Lom preparou sua armadilha. Sua ideia era capturar Tarzan e entregá-lo a Mbonga, mas ele não contava com a ajuda de Washington nem com a resistência dos homens da tribo. Com Jane cativa, ele sabia que era questão de tempo até que Tarzan fosse atrás dele para salvá-la - então o plano B estava em ação.

O roteiro é a principal falha, pois tenta emendar várias nuances em um único longa e nada parece funcionar direito. Há muito o que se poderia explorar, mas tudo fica superficial e fica bem claro que é tudo desculpa para efeitos especiais jorrarem na tela - até o físico de Tarzan é alterado digitalmente, e não funciona. O drama de adaptação ao novo mundo e o conflito de volta às origens é muito mal explorado, a intervenção-americana-defensora-da-liberdade-do-mundo é quase patética (a não ser por uma sequência onde o personagem de Samuel L. Jackson praticamente personifica a história do país e faz um mea culpa naquele discurso), a mal resolvida querela  entre Tarzan e Mbonga é um bom argumento que foi praticamente ignorado - e o talentoso Housoun foi terrivelmente subaproveitado.

São muitas as falhas no caminho, mas o filme também tem seus méritos: Jane vem embalada no empoderamento feminino, mas tudo dentro do contexto (afinal, o filme se passa no início do século XX), o personagem de Jackson funciona bem como alívio cômico apesar de estar muito deslocado no contexto, além da fotografia que se sobressai aos efeitos especiais em excesso (e, por várias vezes, toscos).

Por fim, A lenda de Tarzan é um filme de roteiro e direção confusos, onde fica claro que muitas vontades diferentes tentaram se encaixar em um único roteiro e não deu muito certo. Ficamos sem entender se é um drama, um romance ou um filme de ação. Deve surpreender quem esperava uma versão live action da animação da Disney (a memória mais acessada da maioria do público) ou até um reboot dos filmes clássicos do rei da selva, mas também deve decepcionar quem esperava algo mais do longa.

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