Por muitos anos eu evitei assistir a Meu pé esquerdo (My left foot, 1989) por um simples detalhe: eu temia que o filme fosse daqueles chororôs intermináveis que passam na Sessão da Tarde; aqueles que buscam te emocionar com a estória de superação do protagonista, mas são mais água com açúcar do que qualquer coisa. Preconceito? Sim, totalmente. Mas acho bacana que não tenha visto antes, talvez eu não estivesse pronta para apreciar toda a beleza dessa obra - talvez, nem mesmo agora eu o esteja.
Christy Brown (Lewis, sensacional é pouco) é um menino que nasceu em uma família muito pobre. Sua deficiência motora o limitava a mal conseguir balbuciar algumas palavras mesmo quando já deveria saber andar e falar normalmente, mas o garoto não se deixava abater. Apesar da frustração por não poder se comunicar como deveria, com o apoio da mãe amorosa e dos irmãos, Christy conseguiu sobreviver à infância dura e o preconceito de seu próprio pai, o que foi muito mais difícil do que vencer suas próprias limitações.
Christy se torna um exemplo para qualquer ser humano de que se houver vontade de ser mais do que se pode ser, e com o apoio e incentivos certos, qualquer um pode ser feliz. A premiada e delicada interpretação de Lewis, que viveu com maestria as diferentes fases da vida de Christy e não se limitou a apenas algo físico - as emoções de Christy borbulhavam sob a sua dificuldade motora, e foram maravilhosamente expressas pelo ator - são o principal atrativo do filme, mas não é a única coisa boa do filme. Sem apelar para o melodrama, a relação mãe e filho emociona e encoraja a rever nossa perspectiva de vida: e se fosse mos nós, mãe ou filho, nessa situação? Sensacional.
Um filme delicado, emocionante e divertido, com uma grande lição de vida ao final. O tipo exato de filme que eu adoro. Suspeitíssima em recomendar para alguém, mas mesmo assim, insisto: vale mais do que a pena.
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