Baseado na série de jogos eletrônicos de mesmo nome, Assassin's Creed (Assassin's Creed, 2017) é para iniciados. Digo porque, mesmo não sendo uma jogadora - mas já tendo ouvido falar sobre o famoso game da Ubisoft e já lido um livro da série de romances inspiradas no game - ainda achei a coisa toda muito confusa. Mas, ao que parece, o filme é bastante fiel ao universo original da Seita dos Assassinos: a luta através dos séculos para evitar que os Pedaços do Éden (relíquias sagradas) caiam nas mãos dos Templários.
Aguilar (Fassbender): o assassino ancestral de Cal Lynch |
Começando com uma linda cena de iniciação ritual na Andaluzia do século XV, vemos o sacrifício a que os Assassinos se comprometiam para usar as suas armas mais características, as lâminas retráteis, e o quão ameaçados estavam com a chegada da Inquisição Espanhola. Logo passamos a explorar a vida de Cal Lynch (Michael Fassbender, também produtor do filme) desde sua infância. Um menino destemido, acaba passando o resto da vida com ódio do pai por este ter matado sua mãe e o obrigado a fugir. Com sérios problemas de comportamento, acaba sendo preso e condenado à morte na cadeira elétrica. Depois do procedimento, ele descobre que fora parar em Abstergo - uma espécie de prisão médica, por assim dizer - e está sob os cuidados da doutora Sofia Rikking (Marion Cotillard, bastante deslocada). Sua pesquisa consiste na procura da cura da agressividade - tida aqui como uma doença causadora de todo o mal do mundo. Mas não é bem isso o que acaba acontecendo.
A execução de Cal Lynch (Fassbender): o começo |
Leva um tempo até que Cal compreenda o que realmente querem dele, e também encontra poucos amigos lá dentro. O Animus, um programa de computação capaz de rastrear a memória genética e transformá-lo em uma projeção 3D, é a peça-chave para a obtenção das memórias. Ele está sendo usado pelos doutores Rikking, pai e filha, nos descendentes dos Assassinos para obter informações sobre a Maçã do Éden - artefato procurado por gerações de Templários e que conteria a chave para controlar a humanidade.
Salto de Fé: se você não sabe o que é, não vai ser aqui que vai descobrir |
A trama é bastante intrincada e interessante, mas o filme não consegue superar as boas cenas de ação. De fato, essas são lutas bem coreografadas - especialmente nas cenas de batalha no passado de Cal - porém não há boa estrutura dramática no contexto. Em miúdos, o longa não se sustenta sozinho. Se o espectador não conhece previamente algumas passagens típicas do jogo, vai ficar perdido. Há pouca explicação sobre passagens tipo o Salto de Fé (que é uma habilidade do jogador, mas ela fica ali, jogada no ar sem ninguém voltar a ela) ou a memória genética, que não é bem uma reencarnação - embora fique mais fácil para nós entendermos assim. A sensação é de que estamos assistindo àquelas partes introdutórias do jogo que todo bom jogador pula para ir direto ao combate. Acho até que funcionaria, principalmente com o bom elenco escalado, mas as lacunas para os leigos deixa a sensação de incompreensão ao final.
Sofia (Cotillard): pouco à vontade em cena |
Há muitas falas piegas e enquadramentos clichês, tornando um filme meio Frankenstein: as ótimas sequências da Espanha em sua clara referência à parte interativa do jogo e a estranha parte do presente-futurista, onde todos parecem perdidos e deslocados. Michael Fassbender ainda convence como um homem atordoado por um passado brutal que descobre em seus genes algo ainda mais sombrio, mas que abraça seu destino, porém a atuação de Marion Cotillard deixa claro a confusão: ela parece não saber se vai se aprofundar no drama ou abraçar a ação, ficando muito aquém do potencial da atriz.
A parte de ação é a mais interessante, mas não sustenta a trama sozinha. |
Nos prós e contras, pontos negativos para o roteiro de Michael Leslie, Adam Cooper e Bill Collage que consegue demonstrar a raiz do jogo fielmente, mas deixa aquele espectador comum na mão ao não explorar alguns detalhes importantes, e para o diretor Justin Kurzel, que apesar do bom material, produção e elenco, não foi capaz de produzir um filme memorável para todas as audiências. Pontos positivos para as cenas de ação, intensas e bem coreografadas, e para o mote principal que sugere o início de uma franquia também nos cinemas. Para os fãs, um prato cheio. Resta saber se vai agradar ao público em geral.
2 comentários:
Fui contagiada pela adrenalina nessa parte da história e fiquei torcendo para que a missão fosse completada. Jeremy Irons é inteligente para escolher os projetos no que trabalha, faz pouco tempo que a vi em Raça e acho que é extraordinária. Sei que a vão passar na TV, é algo muito diferente aos que estávamos acostumados a ver.
Olá, Anônimo!
Que bom que conseguiu se empolgar com o filme! Eu, sinceramente, não consegui - o que foi uma decepção, pois aconteceu o mesmo com o livro que li: aos 45 do segundo tempo, veio aquele sentimento de frustração por não ter correspondido às minhas expectativas. Infelizmente não se tornou um filme memorável pra mim, mas não nego que tem lá suas qualidades.
Obrigada pela visita! =D
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