Em ritmo de fuga (Baby Driver, 2017) me surpreendeu. Não tinha visto nem ouvido muita coisa sobre ele antes de entrar na sala do cinema, mas saí com um leve sorriso no rosto e a certeza de que a vida da gente é muito mais sem-graça por não ter trilha sonora em tempo real. Dois bons filmes em um só: drama e ação, temperados com muita música boa e atuações brilhantes. Edgar Wright, roteirista e diretor do longa, acertou na mosca!
Baby (Elgort): todo esquisito, mas super eficiente quando o "dever" chama |
Já no início, um grupo bastante distinto se prepara para assaltar um banco. Baby (Ansel Elgort) é um jovem piloto de fuga, que parece não se encaixar no perfil de bandido experiente - mas a aparência quase inocente do rapaz engana: mesmo mais novo que os outros três integrantes, ele tem quilometragem de sobra (e, aparentemente, tem gelo nas veias também). Com seus fones de ouvido, um par de óculos escuros e sua trilha perfeita, Baby consegue fazer milagres (loucuras?) ao volante e sempre levar o prêmio para casa. Ou seja, apenas mais um dia na vida de Baby.
Darling (González) e Buddy (Hamm): e não é que dá certo esse casal? |
No esconderijo/escritório onde encontram com o cabeça da operação, Doc (Kevin Spacey), a gente começa a compreender como tudo funciona. Doc jamais repete uma mesma formação de grupo para evitar possíveis problemas, e Baby é o único que se repete nesses esquemas. Vivendo em seu mundinho de fugas da polícia, música e pouco papo, dividindo um apartamento com seu pai adotivo - um senhor doente e surdo, Baby se encontra em um momento crucial da vida: está prestes a se livrar da dívida que tem com Doc e se apaixona por Debora (Lilly James), uma garçonete sonhadora e tão apaixonada por música quanto ele. Lógico que não podia dar tudo certo, não é?
Debora (James) e Baby: amor puro e inocente como poucos |
Diferente da maioria dos filmes do gênero atuais (que se preocupam em basicamente enfileirar sequências de ação mirabolantes e meia dúzia de frases de efeito enquanto o mocinho arrasa-quarteirões - dentro ou fora da lei, não importa - e encontra o amor na musa sexy), aqui temos um bom drama embutido em um filme de ação bem pensado. Tem drama, conflito e romance na dose certa para narrar a jornada de Baby em se tornar um homem. A trilha sonora, como se pode imaginar, tem papel fundamental no longa: além de cadenciar o ritmo - literalmente - da ação, é ferramenta para Baby (e, convenhamos, quase todo mundo) sobreviver ao estresse. O equilíbrio entre drama e ação é perfeito, e a atuação inspirada de todo o elenco só complementam a experiência.
Baby e Doc (Spacey): a parte dramática e densa equilibra muito bem com a adrenalina |
Por tudo isso, Em ritmo de fuga é um filme que deve agradar e decepcionar muita gente. Explico: para aqueles que estão à procura de um bom filme, divertido, com trilha sonora perfeita e ótimas atuações, vai sair mais do que satisfeito do cinema; mas aqueles que procuram um filme de ação alucinante e ininterrupta podem se sentir um pouco desapontados. Eu me encontro no primeiro grupo, e considero o filme a minha maior surpresa - e um dos meus favoritos - do ano. E ainda arrisco dizer que, daqui a alguns anos, esse vai se tornar um clássico cult queridinho do público e da crítica. É esperar pra ver.
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