Quinto filme da franquia, Transformers - O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight, 2017) é sequência direta de seu antecessor (A Era da Extinção). O protagonista é Cade Yeager, vivido por Mark Wahlberg e ele continua defendendo os autobots - agora perseguidos por um esquadrão militar. Tentando salvar quantos amigos puder, acabará se envolvendo em uma trama muito maior do que imaginava - e que remete às lendas da Távola Redonda. É, você leu direito.
Já no começo descobrimos que a magia de Merlin (Stanley Tucci) é, na verdade, tecnologia alienígena: para ajudar o Rei Arthur (Liam Garrigan), ele recorre à ajuda de um autobot milenar - que lhe confere um cajado com superpoderes e se transforma em um dragão de três cabeças para lutar no campo de batalha. 1600 anos depois, um grupo de crianças consegue invadir uma área protegida pelo governo que é praticamente um cemitério de autobots. Lá encontram alguns ainda vivos, e ativam as defesas. A menina Izabella (Isabela Moner) vivia ali muito antes, e seus únicos amigos eram os robôs alienígenas - e por causa das crianças, ela perde um deles. Cade chega a tempo de salvar a turma dos militares, mas não o suficiente para salvar um dos autobots atingidos. Este lhe entrega uma espécie de medalhão, que será importante mais para a frente na trama.
Izabella (Moner): apesar de fofa, não tem muita função na trama |
Enquanto isso, no espaço, Optimus Prime (Peter Cullen) está voltando para seu planeta natal: Cybertron. Lá chegando, ele vê tudo destruído. Quintessa (Gemma Chan), a rainha do planeta em ruínas, o escolhe e domina para conseguir de volta o cajado de Merlin: segundo ela, essa é a única arma capaz de restaurar Cybertron. Todo o planeta, então, se dirige deliberadamente até a Terra, o que aciona o TRF - esquadrão militar de defesa contra Transformers - sendo iminente o ataque ao nosso planeta. Com isso, uma inimaginável aliança desesperada surgirá na tentativa de defender a Terra - mas será que os Decepticons são confiáveis?
Megatron (Welker) e Coronel Lennox (Duhamel): uma aliança improvável |
No meio disso tudo, Sir Edmund Burton (Anthony Hopkings) começa a por em prática o plano que guarda há muito tempo. Ao analisar as pistas com Cogman (Jim Carter), descobre que agora é o momento de agir - e só há uma coisa capaz de impedir a destruição do mundo: a união entre magia e ciência, a mesma que salvou a Inglaterra tantos anos atrás. Para isso, ele precisa da ajuda da professora Vivian Wemlbey (Laura Haddock), professora da Universidade de Oxford e especialista em história da Inglaterra.
Vivian (Haddock) e Cade (Wahlberg): romance não convence |
Bebendo em várias fontes, mais da aparentemente inesgotável fonte que é a lenda do Rei Arthur, o roteiro (fraco) tenta costurar muitas ideias numa colcha de retalhos enorme e espalhafatosa - e dá muito errado. A gente ri pelos motivos errados, embora o filme seja recheado de alívios cômicos. As sequências de ação mirabolantes e vertiginosas, marca registrada do diretor Michael Bay, são a espinha dorsal do filme - e é justamente isso o que enfraquece o longa. As partes em que a trama deveria se explicar para o público são ora apressadas, ora cheias de jargões militares e tecnológicos, ora piadas um tanto forçadas. Não há tempo para se aprofundar os personagens, e mesmo os maiores Transformers ficam esquecidos.
Quintessa e Optimus Prime: tanta coisa acontece que ninguém se destaca |
Ao que parece, não pode haver filme dos Transformers sem a participação de Optimus Prime e Megatron (Frank Welker), mas aqui os dois são meros coadjuvantes. Se não estivessem no longa, nem fariam diferença - qualquer outro Autobot/Decepticon poderiam ter desencadeado as tramas deles. Na ânsia de fazer o fan service, retomam personagens populares da franquia porém sem lhes dar o destaque que merecem e os novos personagens mal tem tempo de se apresentar com uma piada ou tirada genial. No fim, todo mundo soa meio como coadjuvante, sem direito a nenhum destaque pra ninguém em momento algum. Isso reflete na tela: parece que todo mundo está correndo e não sabe bem nem para onde nem porquê. É bem esquisito.
Cade sobrevive às aventuras, mas a gente se pega perguntando: "como?" |
Outra coisa que incomoda são os efeitos especiais. Assistimos ao longa em IMAX, que deveria ser o maior chamariz para qualquer filme dos Transformers, mas não fez muita diferença, não. É carro que se desmonta e nave que se desdobra e submarino (!) que faz curva, e nada disso impressiona - só faz a gente se perguntar como foi que eles (os humanos interagindo com isso tudo) não morreram ali? Para quem não sabe, eu sou dessas que compra qualquer loucura/viagem de autores de ficção (adoro fantasia, e quanto mais louca, melhor), mas há limites para tudo! Fica difícil acreditar que sobrevivemos ao ataque de Cybertron pela forma como foi mostrada nossa defesa - seja só militar, seja com a ajuda dos Transformers. O mais revoltante? O objeto mais importante da história inteira, na verdade, não tem importância nenhuma.
Sir Barton (Hopkings) e Hot Rod (Sy): tentativas de enredo e alívio cômico do filme |
Wahlberg até parece à vontade em cena, e Hopkings entrega um trabalho com excelência - às vezes ele realmente parece estar se divertindo com aquilo - mas o romance mal-ajambrado entre Cade e Vivian é desastroso. A pequena Izabella também não tem muita função, apesar da jovem atriz ser bastante promissora. No fim, o longa é confuso e distraído, deixando muitas pontas soltas para um final aparentemente poético e inspirador que não empolga nem emociona. Diverte pelos motivos errados, e dificilmente vai ficar na memória dos fãs ou agregará novos membros para o time.
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