Robin Hood - A Origem (Robin Hood, 2018) é uma aventura que busca renovar o mito do ladrão que rouba dos ricos para dar aos pobres, como ficou conhecido esse anti-herói. Usando de uma linguagem mais acessível e trazendo toques modernos para a clássica estória medieval, o longa escrito por Ben Chandler - que também assina o roteiro com David James Kelly - e dirigido por Otto Bathurst tem mais falhas que acertos.
Marian (Hewson) e Robin (Egerton): amor entre ladra e nobre transforma a vida de ambos |
Robin de Loxley (Taron Egerton, de Kingsman) é um aristocrata que se apaixona por uma ladra, a bela Marian (Eve Hewson). Antes que os dois tenham a oportunidade de viver um amor de conto-de-fadas, a guerra chega e Robin é convocado para as Cruzadas. Em uma de suas investidas de rotina, seu grupo é emboscado e ele quase perde a vida nas mãos de um mouro - a quem os ingleses combatiam - mas é salvo no último minuto quando o reforço inglês chega. E é ao ver como eles tratam os prisioneiros de guerra que Robin percebe que há algo errado naquela guerra.
Robin (Egerton) em missão das Cruzadas: há algo de errado com esta guerra |
Ele se rebela contra seu superior e liberta os prisioneiros, num ato de traição. Por essa insubordinação, é punido com a deportação apenas para descobrir que tinha sido dado como morto e seu patrimônio apropriado pelo xerife de Nottingham (vivido por Ben Mendelsohn). Ao descobrir que até mesmo Marian havia seguido em frente - ela largou a vida de roubos e se dedicava a cuidar dos pobres operários das minas, além de ter se casado com outro homem, Will (Jamie Dorman), que também lutava pela causa operária - Robin acha que chegou ao fundo do poço. É nessa hora que surge uma ajuda inesperada: o homem que quase o tinha matado e cuja vida ele salvou, o mouro conhecido como John (Jamie Foxx), o seguira até ali e o convoca a participar de seu plano para acabar com a guerra que destruiu as vidas de ambos.
John (Foxx) e Robin: aliança improvável |
E é exatamente aqui o maior erro do filme: ao recriar a origem do ex-rico-que-se-torna-ladrão-para-ajudar-os-pobres, o argumento e o roteiro esvaziam por completo o mito de Robin Hood. Não é ele quem descobre o que está realmente acontecendo por vontade própria, nem mesmo dele é o plano de vingança que se desenrola na tela. Se pensarmos bem, nem mesmo a motivação romântica funciona para ele. No fim, ele que era para ser o coração e a alma da revolução das classes mais baixas contra o poder e a ganância dos ricos e poderosos acaba sendo retratado apenas como um símbolo vazio - exatamente como os estranhos capuzes pregados nas portas das casas no filme. Uma alegoria rasa e mal ajambrada, mas que define muito bem o que é esse Robin Hood - A Origem.
O xerife de Nottingham (Mendelsohn): figurino moderno |
Existem coisas muito incongruentes no filme, apesar das boas cenas de ação e da boa participação de Tim Minchin como o Frei Tuck, amigo de Robin e alívio cômico (que realmente funciona). A começar pelo figurino, que mistura toques contemporâneos, como jaquetas de couro e cortes modernos nos casacos masculinos, com outros figurinos medievais sem um critério muito claro. Os diálogos são sofríveis - com direito a frases do tipo "para-choque de caminhão" usadas como "motivacional do dia"; as atuações de medianas para baixo decepcionam, principalmente por haver nomes de peso como Foxx e Mendelsohn ali no meio.
Frei Tuck (Minchin), amigo de Robin, é um dos poucos acertos do filme |
Mas, ao que tudo indica, haverá uma continuação mais à frente - a gênese, afinal, não foi somente a do herói, mas também de um novo vilão. Só nos resta aguardar para saber se a sequência conseguirá ao menos minimizar os problemas desse longa e trazer algo de realmente inovador - caso contrário, seria melhor evitar o desgaste.
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