Dando continuidade ao seu Monsterverse, Godzilla II - Rei dos Monstros (Godzilla II - King of Monsters, 2019) estreia nesta quinta-feira trazendo muita ação e destruição em seu caminho. O monstro, que estava adormecido há anos desde sua última aparição, é obrigado a se revelar quando um outro titã é despertado. Para defender seu território e a coroa de rei dos monstros, Godzilla precisará da ajuda dos humanos que um dia já quiseram exterminá-lo. A trama do longa de Michael Dougherty , que dirige e assina o roteiro com Zach Shields, parte das consequências do filme anterior (Godzilla, 2014), mas é compreensível para o público que não viu a primeira parte da aventura.
Dra. Emma (Farmiga) e sua filha Madison (Bobby Brown): tentando manter a família unida |
A bióloga dra. Emma Russel (Vera Farmiga) perdeu seu filho no meio da destruição de São Francisco que ocorreu na última aparição de Godzilla. Com seu casamento em ruínas após o incidente, ela volta suas forças para estudar o comportamento dos titãs - como se passou a chamar as enormes e ancestrais criaturas como Godzilla - que ameaçavam despertar. Vivendo isolada com a filha Madison (Millie Bobby Brown, em sua estreia no cinema) em uma das instalações, Emma desenvolveu um protótipo de sonar bastante ambicioso - ao gravar e combinar as frequências sonoras dos titãs, ela seria capaz de se comunicar com eles - um computador denominado ORCA.
O terrorista Jonah (Dance) sequestra mãe e filha: extremista ambiental |
Porém, durante o teste final, um grupo de terroristas invade o laboratório onde estão Emma e Madison, que foi acompanhar o trabalho da mãe. Esses terroristas, comandados por Jonah Alan (Charles Dance), um ex-militar bem treinado, são extremistas ambientais (uma denominação meio ridícula): acreditam que os titãs deveriam renascer para trazer ordem à natureza, dizimando humanos e restaurando o equilíbrio natural. O titã-larva foge e logo a Monarch, instituição que mantinha o controle e monitoramento de todos os titãs encontrados e adormecidos, entra em alerta máximo.
Mark (Chandler) é chamado para resgatar o equipamento, mas seu interesse é salvar sua família |
Todos os postos de pesquisa estão sob ameaça, e a equipe que trabalhou no primeiro evento acaba sendo atraída para esse fato. Com a ORCA em mãos erradas e a dra. Emma sequestrada, só havia uma pessoa a quem recorrer: Mark Russell (Mike Chandler), ex-marido de Emma e pai de Madison. Além dela, ele era a única outra pessoa que sabia do projeto e que poderia ajudar a localizá-lo, impedindo que outro desastre acontecesse. Quando Godzilla aparece nos radares em um movimento atípico de proteção de território, a equipe sabe que precisa correr contra o tempo: na Antártida, onde o grupo terrorista viajou logo após o ataque, há um monstro maior e mais perigoso - Ghidorah, um titã voador de três cabeças.
O titã Ghidorah é despertado: uma espécie de quimera com 3 cabeças sedenta de poder |
Por mais excitante que a trama possa parecer, o roteiro é bem mais fraco do que parece. As cenas de ação são confusas e muito difíceis de acompanhar devido à fotografia escura, à intensa fumaça/nuvens e chuva incessante. Ok, compreendemos que eram atributos de Ghidorah - um titã com poder de alterar a atmosfera - e que ficaria bem bonito se desse certo. O problema é que, muitas vezes, não dá. Talvez seja mais interessante se a projeção for em 4D, onde a mudança climática e os tremores causados pelas passadas titânicas e explosões sejam reforçados por movimentos nos assentos. Fora esse incômodo quando a projeção não tem esse recurso, o filme é longo demais para o que se propõe. Se a intenção é manter o monstro escondido para revelá-lo apenas em aparições triunfais, o meio-tempo em que isso acontece parece interminável.
Parte da equipe remanescente: os doutores Graham (Sally Hawkings) e Serizawa (Watanabe) |
Outro detalhe que parece escapar dos dedos dos roteiristas é a relação interpessoal. Fora os personagens de Ken Watanabe (que volta a interpretar o dr. Serizawa, presente no filme anterior) e a pobre Madison (Brown) - que foi levada sem motivo algum para o olho do furacão - é difícil se apegar aos outros presentes principalmente porque eles não parecem se importar uns com os outros. De fato, um importante personagem morre de forma bizarra e ninguém parece notar ou sentir falta - e se o espectador não estiver atento, também vai perder o momento em que isso acontece. Nem mesmo a equipe remanescente, que parece estar trabalhando junta desde sempre, parece conectada entre si ou se entrosando com os novos membros do time. A impressão que dá é que o foco ficou absoluto no desenvolvimento das criaturas que fariam frente ao Godzilla em batalhas espetaculares, mas todo o lado humano foi deixado para o heroísmo barato e apelo melodramático.
A briga final é bacana, mas a fotografia não ajuda nada |
É uma pena que um elenco tão bom seja mal aproveitado. As personagens são mal desenvolvidas para valorizar as criaturas? Ok, então faça valer a pena. Mas criar efeitos incríveis e batalhas com boas cenas de luta titânica por si só não seguram a atenção do espectador o tempo todo. É melhor nem comentar sobre a virada dramática (previsível, mal ajambrada e de pouco efeito na estória). As motivações de todos ficam confusas, e a luta final entre Godzilla e Ghidorah é, provavelmente, a mais empolgante de todas - isso, claro, se você excluir tudo o que acontece no entorno e focar só no quebra-pau entre os monstros. Por fim, Godzilla II - Rei dos Monstros se torna um passo adiante para o inevitável (e bastante aguardado pelos fãs) embate final dos grandes reis monstros dos estúdios Warner: Kong e Godzilla. Pelo precedente Kong - A Ilha da Caveira, o gorilão leva vantagem cinematográfica na disputa.
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