Marilyn Monroe que me desculpe, mas nunca houve mulheres como Tony Curtis e Jack Lemmon: Josephine e Daphne é que roubam a cena em Quanto mais quente melhor. Nunca é demais ver a dupla sofrendo para aprender a se equilibrar num salto e andar com elegância. Ou se esforçando ao máximo para cobrir as mentiras que inventaram com muito improviso e novas histórias furadas. Mas o melhor de tudo é ver dois marmanjos obrigados a manter o disfarce para sobreviver quando têm a chance de entrar para uma nova banda e passam a conviver só com mulheres. É como Jerry/Daphne diz na sequência do trem: ele se sente como um menino trancado em uma loja de doces. Mas sem poder aproveitar! Pobrezinhos...
Como não simpatizar com Sugar Cane, uma cantora que não é lá muito inteligente, e vive se metendo em problemas com bebidas e homens? Marilyn, apesar de um pouco velha para o papel (a personagem tinha 24 anos; a atriz, 33), é afetada na medida certa e até comove. Com toda a ambição da moça, que sonha em se casar com um milionário, não dá para não ter pena quando ela pensa ter sido abandonada e finge ser durona ao telefone, mas logo se entrega ao álcool. Não, eu não errei de filme, isso não é um dramalhão. Mas quem foi que disse que comédia tem que ser descerebrada? Eu não fui.
Mas é mesmo nas infinitas trocas de papéis de Josephine e Daphne que está a maior graça do filme. A coisa é tão doida que no início do filme Joe faz de tudo para convencer o amigo de que ele é uma garota para não cair em tentação. Mas, depois de um tempo (e de algumas cantadas do impagável sr. Osgood), Jerry já está discutindo até sua lua de mel com o ricaço! Haja terapia!
E se Billy Wilder deve ter agradecido a Deus por ter lhe dado um elenco tão espetacular, nós, cinéfilos, devemos erguer as mãos para os céus por ele ter nos brindado com esta obra-prima. Do início, uma sátira aos filmes de gângster na Chicago de 1929, ao final com um dos casais mais improváveis da história do cinema (e um diálogo brilhante), o filme é uma comédia absolutamente deliciosa. O roteiro é um primor: tão mirabolante e ao mesmo tempo tão bem amarrado, criando as situações perfeitas para Curtis e Lemmon brilharem. Entrou para a lista dos meus favoritos.
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