É impossível assistir a Luzes da cidade sem um grande sorriso no rosto. Gracioso, divertido, inocente, é o tipo de filme que ganha a gente logo de cara, e nem percebemos o tempo passar. Não dá para resistir ao vagabundo criado por Chaplin, personagem tão atrapalhado quanto bem intencionado, e, por isso mesmo adorável. É pra ver e rever, sem sentir culpa de gargalhar com cenas de tombos, calças rasgadas, soluços e ouras situações simples como essas. Não é pra menos, vê-lo em cena é voltar a ser criança.
Ou vai dizer que você não se divertiu horrores com a cena em que o vagabundo está tão entretido comendo macarrão que confundiu a comida com uma serpentina? Ou na hilária luta de boxe em que nosso herói se mete? Tá, eu não vou citar todos os momentos engraçados, porque teria que falar do filme inteiro. Mas é que, às vezes, esquecemos que é possível fazer graça com simplicidade. E gênios como Chaplin estão aí para nos lembrar disso.
Posso até soar mais nostálgica do que gostaria ao falar isso, mas não se veem mais comédias assim hoje em dia (corrijam-me se estiver errada). Esse tipo de humor, singelo, sem maldade ou obrigatórias referências pop/cult, está em extinção. Não que eu não curta longos diálogos afiados, mas rir com esse humor estilo clown faz bem à alma. Nada com um filme mudo para nos lembrar da força das expressões na interpretação, não é mesmo?
Em Luzes da cidade, Chaplin também demonstra muita sensibilidade na direção e no roteiro. Aliás, o que mais me encantou no filme, foi o lirismo da trama: fofa demais a história de amor entre o vagabundo e a florista cega. Chega a ser comovente todo o esforço que ele faz para conseguir o dinheiro necessário para a cirurgia que lhe devolveria a visão. E nem todas as confusões e mal-entendidos nos quais ele se mete são capazes de fazê-lo desistir. E o final, de uma dramaticidade incrível, só prova que comediantes devem ser, antes de tudo, bons atores. Sorte nossa que Chaplin era um artista completo.
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