Uma coisa me veio à cabeça logo após assistir a Tudo que o céu permite foi: que bom que evoluímos. E olha que coloquei na balança todos os problemas gerados pelos inúmeros casamentos e re-casamentos que nosso tempo e sociedade bagunçada permitem.
Cary Scott (Jane Wyman, propositalmente sem brilho) é uma jovem viúva que anda meio sem ter o que fazer, uma vez que os filhos estão em fase de abandonar o ninho e ela se recusa a ter uma TV. Sua única distração são as festas da sociedade cheia de regras, onde seus “amigos” tentam empurrar novos pretendentes a ela. Chato, né? Não é de se admirar que ela se encante por seu interessante e charmoso, e muito mais novo, paisagista. Ron Kirby (Rock Hudson, também com beleza propositalmente ampliada) troca duas palavras com a moça, pronto ela já se interessou!
Alguns encontros depois o casal, já está perdidamente apaixonado, mas nada pronto para encarar a preconceituosa classe média alta (ou seria apenas classe alta?). É aí que descobrimos os verdadeiros amigos, e Cary não tinha nenhum. Nem mesmo apoio dos filhos ela conseguiu. Presos ao pensamento mesquinho e limitado da sociedade de 1955. Até a filha irritantemente inteligente e idealista pôs empecilhos para o romance. Em contraponto os amigos de Ron recebem Cary calorosamente, de braços abertos. Depois os pobres é que são mal educados!
Cary descobre uma vida nova ao conhecer Ron e mergulha de cabeça. Mas acaba se assustando e abrindo mão de tudo pelos filhos. Sua prole, porém é egoísta e hipócrita, e logo a faz se arrepender e correr de volta ao seu admirável mundo novo.
Um delicioso “filme de mulherzinha”, sem sobras no roteiro, cenas ou personagens desnecessários. E todo melodrama que as moças adoram, principalmente acompanhado de uma caixa de chocolates. Bonito visualmente com ângulos e iluminação que propositalmente deixavam Hudson mais bonito, e Wyman mais comum. Seria uma crítica à alta sociedade? Mostrando que a vida dos menos afortunado, ainda sim, era mais bela e interessante que a mesmice dos ricos. Poético isso!
Uma história simples e muito bem contada. Só ainda não “pesquei” o que na comum e sem brilho, Cary, encantou tanto Ron!
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