Parece até Wisteria Lane |
Desculpem-me as colegas de blog e as leitoras deste espaço, mas não consegui enxergar um pingo de romantismo em Tudo que o céu permite. Calma, eu não estou ficando doida, eu me explico. Desde o início do filme, com aquelas mulheres todas arrumadas com coques impecáveis e casinhas enfeitadas com cerquinhas brancas, eu me sentia assistindo a uma espécie de Desperate housewives às avessas. Eu sei que a série americana é justamente uma sátira a esse clima artificial de vida perfeita dos subúrbios e tal, mas essa é a minha referência, fazer o quê?
Reparem só: Cary (Jane Wyman) se parece muito com Bree (Marcia Cross), a dona de casa que é cheia de problemas, mas não deixa transparecer nenhuma falha a quem está a seu redor. Muito austera e conservadora, também é viúva e leva muito em conta a opinião alheia. O engraçado é que ela se envolve com o jardineiro bonitão. Na série, quem faz isso é Gabrielle (Eva Longoria)! Tá vendo como não é viagem? O longa de Douglas Sirk pode ter sido até a inspiração pra série!
Mas deixa eu explicar o que eu falei do romantismo lá em cima. Claro que tem uma história de amor, um relacionamento que vai contra as normas da sociedade, e entendemos perfeitamente o contexto. Era 1955. Mas precisava a protagonista se apaixonar em CINCO minutos pelo moço??? Tá certo que Rock Hudson era moreno, alto, bonito e sensual, mas essas coisas ofendem um pouco a minha inteligência. E o cara já se engraça todo para ela, sem a menor cerimônia, inclusive na frente das visitas. Avançadinho ele, né?
Pra vocês não dizerem que estou de má vontade: adoro comédias românticas. Ver os protagonistas se encontrando e desencontrando até saber que tudo vai dar certo no final não tem preço. Até porque não é bem assim na vida real. Mas, pra isso, é preciso sutileza. Sabe aquelas cenas bobinhas que toda menina curte, do cara fofo que fica tímido na hora da declaração, da mulher que não sabe se espera ligar ou pega o telefone? É isso que dá o charme à história. E isso falta em Tudo que o céu permite. Tudo é meio seco, bruto, ensaiadinho, ahn, artificial. E não é só no romance, não. Ou você, quando vai jantar na casa de alguém desconhecido, pega um livro e sai lendo em voz alta? Então. É mais ou menos isso. O resto segue a cartilha direitinho, mas não foge do previsível: preconceito pela condição social, pela profissão do moço, pela diferença de idade, resistência dos filhos... e, claro, o final feliz. No nível dramalhão, é bem melhor que uma novela mexicana, óbvio. Mas não passa disso.
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