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É tosco, mas é de coração


Dá pra entender perfeitamente por que King Kong já ganhou dois remakes até agora. Para um cineasta, a tentação deve ser enorme de recontar a clássica (e triste) história do gorila gigante com os novos recursos tecnológicos que estão à sua disposição. A versão de 1976 (que vi, acredite se quiser, numa Sessão da Tarde da vida), ainda deixa a desejar nesse quesito. Mas Peter Jackson, que já havia dado banho com o seu Gollum de O senhor dos anéis repetiu a bem-sucedida técnica e o ótimo ator Andy Serkins para dar vida a um Kong praticamente perfeito, não só nos movimentos como nas expressões. O original, óbvio, era bem limitado, duro, bem tosco. O efeito do stop motion chega a causar graça involuntária. Era pra ser assustador: uma criatura gigante, com uns dentes enormes... Só que ele tinha uns olhinhos tão meigos que nem dá pra sentir medo. Mas a gente tem que lembrar que a iniciativa é louvável (já falei que o filme é de 1933?). Ah, vai, é tosco, mas é de coração.

Pelo que eu me lembro, a versão de Jackson valorizava mais os atores, até porque tinha grandes nomes no elenco, como Jack Black, Adrien Brody e Naomi Watts. Esta, aliás, tem um ar de diva que não deixou nada a dever à Ann Darrow de Fay Wray, excelente como a típica mocinha em perigo (já a atuação afetade de Jessica Lange me incomodou um pouco). Mas o longa de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack não perdeu tempo com vaidades e foi direto ao ponto: embora o elenco esteja bem afiado, o protagonista, sem dúvida, é Kong. Seja roubando sua musa, literalmente, na mão grande, lutando bravamente com um Tiranossauro Rex ou qualquer outra criatura que ameaçasse chegar perto dela, ou causando pânico nas ruas de Nova York, ele é o centro das atenções. Isso faz com que o filme seja bastante ágil. Talvez até um pouco curto (a primeira versão tem 100 minutos, enquanto a segunda, 134, e a terceira, 187!), mas sem enrolação.

No mais, gosto bastante de King Kong alfinetar a indústria do cinema e a nascente sociedade do espetáculo. Logo no início da trama, Denham mete o pau nos críticos: "Eu me mato para fazer um filme e reclamam que faltou romance!". Haha. Ambicioso toda vida, ele encontra a heroína que precisava e não mede esforços para ir até uma ilha desconhecida e misteriosa para filmar no cenário exótico ideal. Claro que várias vidas se perderam no caminho devido à sua insistência e sua teimosia, mas que importa? Ele não conseguiu exatamente o que queria, mas voltou para casa com a "oitava maravilha do mundo". E aí, coitado do nosso gorilão, que estava lá quietinho no canto dele e foi trazido à força para uma selva de pedra, e, ainda por cima, sofrendo com um amor não correspondido. Humanos são uns insensíveis mesmo. Aí, nesse final, senti um pouco de falta de romantismo no filme original, vou confessar. Ann Darrow continuava aterrorizada com a horrenda criatura, que morreu como um monstro solitário. No filme de 2005, pelo menos, rolou um sentimento com Naomi Watts, não foi? Ih, acho que eu é que estou sensível demais...


O Kong quebrando tudo e correndo, desesperado, atrás da mocinha chega a ser hilário. Coitada da moça que ele achou primeiro... Mas a cena que entrou para a história, dele escalando o Empire State e sendo alvejado por uma saraivada de balas é de partir o coração. Com ou sem avançadíssimos efeitos tecnológicos. Clássico é isso, minha gente.

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